A Páscoa em Jerusalém
Introfução
No mês de Abril, Jesus e os apóstolos trabalharam em Jerusalém,
saindo da cidade cada tarde para passar a noite em Betânia. Jesus mesmo passou
uma ou duas noites por semana em Jerusalém na casa de Flávio, um judeu grego,
onde muitos judeus eminentes vinham em segredo para entrevistá-lo.
p1596:2 142:0.2 No primeiro dia em Jerusalém, Jesus visitou ao antigo
sumo sacerdote Anás, seu amigo de anos anteriores e parente de Salomé, a esposa
de Zebedeu. Anás havia escutado sobre Jesus e seus ensinamentos, e quando Jesus
passou pela casa do sumo sacerdote, foi recebido com muita reserva. Quando Jesus
percebeu a frieza de Anás, despediu-se imediatamente, dizendo-lhe ao sair: «O
medo é o principal tirano do homem, e o orgulho, sua maior debilidade; tu te
entregarás à escravidão destes dois destruidores da alegria e da liberdade?» Mas
Anás não respondeu. O Mestre não viu Anás novamente até a ocasião em que ele se
sentou com seu genro em julgamento ao Filho do Homem.
O Ensinamento no Templo
p1596:3 142:1.1 Durante todo este mês, Jesus ou um dos
apóstolos ensinaram diariamente no templo. Quando o público pascal era demasiado
numeroso como para entrar no templo e escutar o ensinamento, os apóstolos
dirigiam muitos grupos de doutrinamento fora dos recintos sagrados. O essencial
de sua mensagem era:
p1596:41. O reino dos céus está próximo.
p1596:52. Através da fé na paternidade de Deus, vós podeis entrar no
reino dos céus, tornando-vos assim filhos de Deus.
p1596:63. O amor é a
regra de vida dentro do reino -a suprema devoção a Deus ao mesmo tempo que amais
ao próximo como a vós mesmos.
p1596:74. A obediência à vontade do Pai,
que produz os frutos do espírito em vossa vida pessoal, é a lei do reino.
p1596:8 142:1.2 As multidões que vieram celebrar a Páscoa escutaram este
ensinamento de Jesus, e centenas deles se regozijaram com a boa nova. Os
principais sacerdotes e dirigentes dos judeus ficaram muito preocupados acerca
de Jesus e seus apóstolos, e discutiram entre si sobre o que devia ser feito a
eles.
p1596:9 142:1.3 Além de ensinar dentro e fora do templo, os
apóstolos e outros crentes ficaram ocupados fazendo muito trabalho pessoal entre
as multidões da Páscoa. Estes homens e mulheres interessados na mensagem de
Jesus, levaram as notícias que escutaram durante esta celebração pascal até os
lugares mais longínquos do império romano, e também ao oriente. Este foi o
princípio da difusão do evangelho do reino no mundo exterior. O trabalho de
Jesus não mais se limitaria à Palestina.
A Ira de Deus
p1597:1 142:2.1 Estava em Jerusalém, presente às festividades
da Páscoa, um tal Jacó, um rico negociante judeu de Creta, e ele foi até André
pedir-lhe para ver Jesus em particular. André arranjou este encontro secreto com
Jesus na casa de Flávio para a noite do dia seguinte. Este homem não podia
compreender os ensinamentos do Mestre, e vinha porque desejava indagar mais
completamente sobre o reino de Deus. Jacó disse a Jesus: «Mas, Rabino, Moisés e
os antigos profetas nos dizem que Javé é um Deus ciumento, um Deus de grande ira
e um furor cruel. Os profetas dizem que ele odeia aos malfeitores e que se vinga
dos que não obedecem sua lei. Tu e teus discípulos nos ensinais que Deus é um
Pai benévolo e compassivo que ama tanto a todos os homens, que os acolheria com
agrado neste novo reino dos céus, que tu proclamas estar tão próximo.»
p1597:2 142:2.2 Quando Jacó terminou de falar, Jesus respondeu: «Jacó,
tu expuseste bons ensinamentos dos antigos profetas, que instruíram aos filhos
de sua geração de acordo com as luzes de seu tempo. Nosso Pai do Paraíso é
imutável. Mas o conceito de sua natureza se ampliou e cresceu desde a época de
Moisés até os tempos de Amós, e inclusive até a geração do profeta Isaías. E
agora, eu vim na forma carnal para revelar o Pai com uma nova glória e mostrar
seu amor e sua misericórdia a todos os homens de todos os mundos. À medida que o
evangelho deste reino se divulgue pelo mundo com sua mensagem de felicidade e de
boa vontade para todos os homens, nascerão relações melhores e superiores entre
as famílias de todas as nações. Conforme passe o tempo, os pais e seus filhos se
amarão mais uns aos outros, e dessa forma produzirá uma maior compreensão do
amor do Pai que está nos céus por seus filhos na Terra. Recorda, Jacó, que um
pai bom e verdadeiro não somente ama a sua família como um todo -como uma
família- mas que também ama de verdade e cuida com afeto a cada membro em
particular.»
p1597:3 142:2.3 Após uma importante discussão sobre o
caráter do Pai celestial, Jesus se interrompeu para dizer: «Tu, Jacó, sendo pai
de muitos filhos, sabes muito bem a veracidade de minhas palavras.» E Jacó
disse: «Mas Mestre, quem te disse que sou pai de seis filhos? Como sabias isto
de mim?» E o Mestre respondeu: «Basta em dizer que o Pai e o Filho sabem de
todas as coisas, porque em verdade eles vêem tudo. Ao amar teus filhos como um
pai terrestre, agora deves aceitar como uma realidade o amor do Pai celestial
por ti -não somente por todos os filhos de Abraão, mas por ti, por tua alma
individual.»
p1597:4 142:2.4 Então Jesus continuou a dizer: «Quando teus
filhos são muito jovens e imaturos, e quando tu tens que castigá-los, eles podem
pensar que seu pai está irritado e cheio de ira ressentida. Sua imaturidade não
lhes permite penetrar mais além do castigo para discernir o afeto previdente e
corretivo do pai. Mas quando esses mesmos filhos se tornam homens e mulheres
adultos, não seria insensato por sua parte aferrarem-se a estes conceitos
antigos e equivocados sobre seu pai? Como homens e mulheres, deveriam discernir
agora o amor de seu pai em todas estas correções dos primeiros anos. À medida
que decorrem os séculos, a humanidade não deveria chegar a compreender melhor a
verdadeira natureza e o caráter amoroso do Pai que está nos céus? Que proveito
tirais da iluminação espiritual das sucessivas gerações, se persistis em ver a
Deus como O viam Moisés e os profetas? Eu te digo, Jacó, que sob a brilhante luz
desta hora, deverias ver ao Pai como nenhum daqueles que vieram anteriormente
jamais O contemplaram. E ao vê-Lo desta maneira, deverias regozijar-te por
entrar no reino onde governa um Pai tão misericordioso, e deverias procurar que
sua vontade de amor domine tua vida daqui em diante.»
p1598:1 142:2.5 E
Jacó respondeu: «Rabino, eu creio; desejo que me conduzas ao reino do Pai.»
O Conceito de Deus
p1598:2 142:3.1 A maioria dos doze apóstolos haviam escutado
este debate sobre o caráter de Deus, e àquela noite fizeram muitas perguntas a
Jesus sobre o Pai que está nos céus. As respostas do Mestre a estas perguntas,
podem ser melhor apresentadas pelo seguinte resumo em linguagem moderna:
p1598:3 142:3.2 Jesus repreendeu suavemente aos doze, dizendo-lhes em
essência: Vós não conheceis as tradições de Israel relacionadas com o
crescimento do conceito de Javé, e ignorais o ensinamento das Escrituras sobre a
doutrina de Deus? E então o Mestre começou a instruir aos apóstolos sobre a
evolução do conceito da Deidade durante o curso do desenvolvimento do povo
judeu. Ele chamou sua atenção sobre as seguintes fases do crescimento do
conceito de Deus:
p1598:4 142:3.31. Javé -o deus dos clãs do Sinai. Este
era o conceito primitivo da Deidade, que Moisés elevou ao nível superior de
Senhor Deus de Israel. O Pai que está nos céus nunca deixa de aceitar a adoração
sincera de seus filhos na Terra, não importando quão tosco os seus conceitos da
Deidade ou o nome com que simbolizam sua natureza divina.
p1598:5
142:3.42. O Altíssimo. Este conceito do Pai que está nos céus foi proclamado por
Melquisedeque a Abraão, e desde Salém foi levado muito longe por aqueles que
creram posteriormente nesta idéia ampliada e expandida da Deidade. Abraão e seu
irmão partiram de Ur por causa do estabelecimento da adoração ao sol, e se
fizeram crentes nos ensinamentos de Melquisedeque sobre O Elion -o Deus
Altíssimo. Esses eram uns conceitos compostos de Deus, que consistiam em uma
mescla de suas antigas idéias mesopotâmicas e da doutrina do Altíssimo.
p1598:6 142:3.53. O Shaddai. Durante estes tempos primitivos, muitos dos
hebreus adoravam O Shaddai, o conceito egípcio do Deus do céu, que haviam
aprendido durante seu cativeiro na terra do Nilo. Muito tempo depois de
Melquisedeque, todos os três conceitos de Deus se fundiram em um só para formar
a doutrina da Deidade criadora, o Senhor Deus de Israel.
p1598:7
142:3.64. Elohim. O ensinamento sobre a Trindade do Paraíso tem sobrevivido
desde os tempos de Adão. Não recordais que as Escrituras começam afirmando que
«No princípio, os Deuses criaram os céus e a terra»? Isto indica que quando foi
escrita esta passagem, o conceito trinitário de três Deuses em um havia
encontrado seu lugar na religião de nossos antepassados.
p1598:8
142:3.75. O Javé Supremo. Nos tempos de Isaías, estas crenças sobre Deus haviam
se expandido no conceito de um Criador Universal que era simultaneamente
todo-poderoso e todo-misericordioso. E este conceito de Deus, em vias de
evolução e expansão, suplantou praticamente todas as idéias anteriores sobre
Deidade na religião de nossos pais.
p1598:9 142:3.86. O Pai que está nos
céus. E agora, conhecemos a Deus como nosso Pai que está nos céus. Nosso
ensinamento proporciona uma religião onde o crente é um filho de Deus. Esta é a
boa nova do evangelho do reino dos céus. O Filho e o Espírito coexistem com o
Pai, e a revelação da natureza e do ministério destas Deidades do Paraíso
continuará expandindo e se aclarando ao longo das eras sem fim da progressão
espiritual eterna dos filhos ascendentes de Deus. Em todos os tempos e durante
todas as épocas, a adoração verdadeira de qualquer ser humano -que relaciona-se
ao progresso espiritual individual- é reconhecida pelo espírito interior como
uma homenagem ofertada ao Pai que está nos céus.
p1599:1 142:3.9 Os
apóstolos nunca antes haviam ficado tão comovidos, como ficaram ao escutar este
relato do crescimento sobre o conceito de Deus na mente judia das gerações
anteriores; estavam demasiado aturdidos como para fazer perguntas. Enquanto
permaneciam sentados em silêncio diante de Jesus, o Mestre continuou: «E vós
teríeis conhecido estas verdades se tivésseis lido as Escrituras. Não lestes em
Samuel, onde se diz: `E a ira do Senhor foi ateada contra Israel, de tal maneira
que incitou Davi contra eles, dizendo, que fosse contar a Israel e a Judá'? E
isto não era de se estranhar, porque na época de Samuel, os filhos de Abraão
acreditavam realmente que Javé criara tanto o bem como o mal. Mas quando um
escritor posterior narrou estes acontecimentos, depois da ampliação do conceito
judeu sobre a natureza de Deus, não se atreveu a atribuir o mal a Javé; e por
isso ele disse: `E Satanás se levantou contra Israel, e provocou Davi para que
contasse Israel.' Vós não podeis discernir que estes relatos das Escrituras
mostram claramente o quanto continuou crescendo o conceito da natureza de Deus
de uma geração à outra?
p1599:2 142:3.10 «Novamente vós deveríeis haver
percebido o crescimento da compreensão da lei divina, em perfeita harmonia com
estes conceitos ampliados da divindade. Quando os filhos de Israel saíram do
Egito, em dias anteriores à revelação ampliada de Javé, tinham dez mandamentos
que lhes serviram de lei até a época em que acamparam diante do Sinai. E estes
dez mandamentos eram:
p1599:3 142:3.11«1. Não adorareis a nenhum outro
deus, porque o Senhor é um Deus ciumento.
p1599:4 142:3.12«2. Não
fundireis imagens de deuses.
p1599:5 142:3.13«3. Não deixareis de
guardar a festa do pão ázimo.
p1599:6 142:3.14«4. De todos os machos dos
homens e dos rebanhos, o primogênito são meus, diz o Senhor.
p1599:7
142:3.15«5. Podeis trabalhar seis dias, mas o sétimo descansareis.
p1599:8 142:3.16«6. Não deixareis de guardar a festa das primeiras
frutas e a festa da colheita no final do ano.
p1599:9 142:3.17«7. Não
oferecereis o sangue de nenhum sacrifício com pão fermentado.
p1599:10
142:3.18«8. O sacrifício da festa da Páscoa não deverá ficar abandonada até de
manhã.
p1599:11 142:3.19«9. O primeiro dos primeiros frutos da terra vós
levareis à casa do Senhor vosso Deus.
p1599:12 142:3.20«10. Não
fervereis um cabrito no leite de sua mãe.
p1599:13 142:3.21 «E então, em
meio aos trovões e relâmpagos do Sinai, Moisés lhes deu os novos dez
mandamentos, na qual todos admitireis que são as expressões mais dignas de
acompanhar os conceitos ampliados de Javé sobre a Deidade. E vós nunca
observáreis que estes mandamentos estão registrados duas vezes nas Escrituras,
que no primeiro caso, a libertação do Egito assinalada como a razão para se
guardar o sábado, enquanto que em um escrito posterior, as crenças religiosas em
progresso de nossos antepassados exigiram que este texto fosse alterado para
reconhecer o fato da criação como o motivo para a observância do sábado?
p1599:14 142:3.22 «E então, recordareis que uma vez mais -na época de
Isaías, de grande iluminação espiritual- estes dez mandamentos negativos foram
mudados pela grande lei positiva do amor, pelo preceito de amar a Deus
supremamente e a vosso próximo como a vós mesmos. E esta é a lei suprema do amor
a Deus e aos homens que eu também vos declaro como pertencente a todo dever do
homem.»
p1600:1 142:3.23 E quando ele acabou de falar, ninguém lhe fez
pergunta. E cada um deles se retirou para seu descanso.
Flávio e a Cultura Grega
p1600:2 142:4.1 Flávio, o judeu grego, era um prosélito dos
portões do templo, pois não havia sido circuncidado nem batizado; e posto que
ele era um grande amante da beleza na arte e na escultura, a casa que ocupava
durante sua estada em Jerusalém era um belo edifício. Este lar estava
primorosamente adornado com tesouros inestimáveis que havia colecionada aqui e
ali nas suas viagens pelo mundo. Quando pensou pela primeira vez em convidar a
Jesus à sua casa, temia que o Mestre pudesse se ofender ao ver aquelas pretensas
imagens. Mas quando Jesus entrou na casa, Flávio ficou agradavelmente
surpreendido, já que, em lugar de repreender-lhe por ter aqueles objetos
supostamente idólatras espalhadas por toda casa, ele manifestou um grande
interesse por toda coleção, e fez muitas apreciativas perguntas sobre cada
objeto, enquanto que Flávio o acompanhava de cômodo em cômodo, mostrando-lhe
todas de suas estátuas favoritas.
p1600:3 142:4.2 O Mestre viu que seu
anfitrião estava aturdido por sua atitude favorável para com a arte; por
conseguinte, quando terminaram de examinar toda coleção, Jesus disse: «Posto que
sabes apreciar a beleza das coisas criadas por meu Pai e modeladas pelas mãos
artísticas do homem, por que tu deverias esperar ser repreendido? Porque Moisés
tentou em outra época combater a idolatria e a adoração dos falsos deuses, por
que todos os homens devem reprovar a reprodução da graça e da beleza? Te digo,
Flávio, que os filhos de Moisés compreenderam-no mal, e agora convertem em
falsos deuses até suas proibições das imagens e dos retratos das coisas do céu e
da terra. Mas, mesmo se Moisés ensinasse estas restrições às mentes tapadas
daqueles tempos, o que têm a ver com nossa época, em que o Pai que está nos céus
é revelado como o Soberano Espiritual universal acima de tudo? Flávio, eu te
asseguro que no reino vindouro eles não mais ensinarão, `Não adoreis isto e não
adoreis aquilo'; não mais se preocuparão em ordenar que vos priveis disto e que
tenhais cuidado de não fazer aquilo, mas sim que todos ficarão preocupados com
um só dever supremo. E este dever dos homens é expressado em dois grandes
privilégios: a adoração sincera do Criador infinito, o Pai do Paraíso, e o
serviço amoroso outorgado a nossos semelhantes. Se vós amais a teu próximo como
amais a vós mesmos, sabeis realmente que sois um filho de Deus.
p1600:4
142:4.3 «Em uma época em que meu Pai não era bem compreendido, as tentativas de
Moisés por opor-se à idolatria eram justificadas, todavia, na era por vir, o Pai
terá sido revelado na vida do Filho; e esta nova revelação de Deus fará para
sempre desnecessário, confundir o Pai Criador com os ídolos de pedra ou as
imagens de ouro e prata. Daí em diante, os homens inteligentes poderão desfrutar
dos tesouros da arte, sem confundir esta apreciação material da beleza com a
adoração e o serviço do Pai do Paraíso, o Deus de todas as coisas e de todos os
seres.»
p1600:5 142:4.4 Flávio acreditou em tudo o que Jesus lhe
ensinou. No dia seguinte, ele foi a Betânia mais além do Jordão e foi batizado
pelos discípulos de João. E fez isto porque os apóstolos de Jesus ainda não
batizavam aos crentes. Quando Flávio voltou a Jerusalém, deu uma grande festa
para Jesus e convidou a sessenta de seus amigos. E muitos destes convidados
também se fizeram crentes na mensagem do reino vindouro.
O Discurso Sobre a Segurança
p1601:1 142:5.1 Um dos grandes sermões que Jesus pregou no
templo nesta semana da Páscoa, foi em resposta a uma pergunta que um de seus
ouvintes fez, um homem de Damasco. Este homem perguntou a Jesus: «Mas, Rabino,
como saberemos com certeza que tu foste enviado por Deus, e que podemos entrar
realmente nesse reino que tu e teus discípulos afirmais que está próximo?» E
Jesus respondeu:
p1601:2 142:5.2 «Quanto a minha mensagem e aos
ensinamentos de meus discípulos, vós deveis julgá-los por seus frutos. Se nós
vos proclamamos as verdades do espírito, o espírito testemunhará em vosso
coração que nossa mensagem é autêntica. No referente ao reino e a vossa
segurança de aceitação pelo Pai celestial, permiti-me perguntar-vos, qual pai
dentre vós é um pai digno desse nome e de bom coração, que mantivesse seu filho
na ansiedade ou a dúvida quanto a sua posição dentro da família ou a seu grau de
confiança no afeto do coração de seu pai? Os pais terrestres, desfrutam
torturando a vossos filhos com incertezas sobre o lugar que ocupam no amor
permanente de vosso coração humano? Vosso Pai que está nos céus tampouco deixa
seus filhos na fé do espírito em uma ambígua incerteza quanto a sua posição no
reino. Se recebeis a Deus como vosso Pai, então com certeza e em verdade, sois
filhos de Deus. E se sois seus filhos, então ficai seguros da posição e o lugar
de tudo o que concerne à filiação eterna e divina. Se acrediteis em minhas
palavras, credes desse modo Naquele que me enviou, e ao crer assim no Pai, vós
tereis assegurado vossa posição na cidadania celestial. Se fazeis a vontade do
Pai que está nos céus, nunca deixareis de alcançar a vida eterna de progresso no
reino divino.
p1601:3 142:5.3 «O Espírito Supremo dará testemunho com
vosso espírito de que sois realmente os filhos de Deus. E se sois os filhos de
Deus, então nascestes do espírito de Deus; e qualquer um que nascera do
espírito, tem dentro de si o poder de vencer todas as dúvidas, e esta é a
vitória que supera todas as incertezas, vossa própria fé.
p1601:4
142:5.4 «O profeta Isaías disse, ao falar desta época: `Quando o espírito for
derramado sobre nós desde o alto, então o labor da retitude se converterá em
paz, tranqüilidade e segurança para sempre.' E para todos os que crêem
verdadeiramente neste evangelho, eu serei a garantia de sua admissão na
felicidade eterna e na vida sem fim do reino de meu Pai. Assim pois, vós que
ouvis esta mensagem e credes neste evangelho do reino, sois os filhos de Deus, e
tendes a vida eterna; e a prova para o mundo inteiro de que nascestes do
espírito é que vos amais sinceramente uns aos outros.»
p1601:5 142:5.5 A
multidão de ouvintes permaneceu muitas horas com Jesus, fazendo-lhe perguntas e
escutando atentamente suas respostas confortantes. Inclusive os apóstolos
ficaram estimulados com o ensinamento de Jesus, para predicar o evangelho do
reino com mais força e segurança. Esta experiência em Jerusalém foi uma grande
inspiração para os doze. Era seu primeiro contato com um público tão vasto, e
eles aprenderam muitas lições valiosas que se mostraram de grande ajuda em seu
trabalho posterior.
A Conversa com Nicodemos
p1601:6 142:6.1 Uma tarde, na casa de Flávio, veio ver Jesus um
tal Nicodemos, um membro rico e ancião do sinédrio judeu. Ele havia escutado
muito sobre os ensinamentos deste Galileu, e por isso foi ouvi-lo numa tarde
enquanto ensinava nos pátios do templo. Ele queria ter ido muitas vezes escutar
as lições de Jesus, mas temia ser visto pelas pessoas presentes a seu
ensinamento, porque os dirigentes dos judeus já estavam tão contrários a Jesus,
que nenhum membro do sinédrio queria ser identificado abertamente de alguma
maneira com ele. Consequentemente, Nicodemos combinara com André que veria Jesus
em privado e após o cair da noite, naquela tardinha em questão. Pedro, Santiago
e João estavam no jardim de Flávio quando começou a entrevista, porém, mais
tarde todos entraram na casa, onde continuou o discurso.
p1602:1 142:6.2
Ao receber Nicodemos, Jesus não mostrou nenhuma deferência especial; ao falar
com ele, não havia compromisso ou persuasão indevida. O Mestre não tentou
rejeitar seu visitante secreto, nem foi sarcástico com ele. Em todo seu trato
com o distinguido visitante, Jesus ficou calmo, sério e digno. Nicodemos não era
um delegado oficial do sinédrio; ele veio ver Jesus exclusivamente por causa de
seu interesse pessoal e sincero pelos ensinamentos do Mestre.
p1602:2
142:6.3 Ao ser apresentado por Flávio, Nicodemos disse: «Rabino, nós sabemos que
tu és um instrutor enviado por Deus, porque nenhum simples homem poderia ensinar
assim, a menos que Deus estivesse com ele. E eu estou desejoso de saber mais
coisas sobre teus ensinamentos relacionados com o reino vindouro.»
p1602:3 142:6.4 Jesus respondeu a Nicodemos: «Em verdade, em verdade te
digo, Nicodemos, a menos que um homem nasça do alto, não pode ver o reino de
Deus.» Então Nicodemos replicou: «Mas, como pode um homem nascer de novo quando
é velho? Ele não pode entrar pela segunda vez no ventre de sua mãe para nascer.»
p1602:4 142:6.5 Jesus disse: «Entretanto, eu te declaro, a menos que um
homem nasça do espírito, ele não poderá entrar no reino de Deus. Aquele que
nasceu da carne, é carne, e aquele que nasceu do espírito, é espírito. Mas não
deverias assombrar-te porque eu disse que tu deves nascer do alto. Quando o
vento sopra, tu ouves o sussurro das folhas, mas não vês o vento -de onde vem ou
aonde vai- e o mesmo sucede com todo aquele que nasceu do espírito. Com os olhos
da carne podes contemplar as manifestações do espírito, mas não podes discernir
realmente o espírito.»
p1602:5 142:6.6 Nicodemos respondeu: «Mas eu não
compreendo -como isso pode ser?» Jesus disse: «Será possível que tu sejas um
educador em Israel e que entretanto ignores tudo isto? Torna-se, pois, o dever
dos que conhecem as realidades do espírito revelar estas coisas àqueles que
discernem apenas as manifestações do mundo material. Mas tu nos acreditarás se
nós te falarmos das verdades celestiais? Tens a coragem de crer, Nicodemos, em
alguém que desceu do céu, mesmo no Filho do Homem?»
p1602:6 142:6.7 E
Nicodemos disse: «Mas como posso começar a captar esse espírito que me
reconstituirá em preparação para entrar no reino?» Jesus respondeu: «O espírito
do Pai que está nos céus já reside dentro de ti. Se quiseres ser conduzido por
este espírito do alto, muito em breve começarás a ver com os olhos do espírito,
e então, mediante a escolha em seguir a orientação do espírito de todo coração,
tu nascerás do espírito, posto que o único propósito de tua vida será fazer a
vontade de teu Pai que está nos céus. E ao encontrar-te assim, nascido do
espírito e alegremente no reino de Deus, começarás a produzir em tua vida diária
os frutos abundantes do espírito.»
p1602:7 142:6.8 Nicodemos era
totalmente sincero. Estava profundamente impressionado, mas foi embora
desconcertado. Nicodemos era realizado quanto ao desenvolvimento pessoal, ao
autodomínio, e inclusive nas elevadas qualidades morais. Ele era refinado,
egoísta e altruísta; mas não sabia como submeter sua vontade à vontade do Pai
divino, como uma criancinha está disposta a submeter-se à guia e direção de um
pai terrestre sábio e amoroso, tornando-se assim em realidade, um filho de Deus,
um herdeiro progressivo do reino eterno.
p1603:1 142:6.9 Mas Nicodemos
reuniu a suficiente fé para apoderar-se do reino. Ele protestou timidamente
quando seus colegas do sinédrio tentaram condenar Jesus sem uma audiência; e
mais tarde, com José de Arimatéia, reconheceu audazmente sua fé e reivindicou o
corpo de Jesus, inclusive quando a maioria dos discípulos haviam fugido
atemorizados do cenário do sofrimento e da morte final de seu
Mestre.
A Lição Sobre a Família
p1603:2 142:7.1 Depois do atarefado período de ensinamento e de
trabalho pessoal na semana da Páscoa em Jerusalém, Jesus passou a quarta-feira
seguinte descansando com seus apóstolos em Betânia. Àquela tarde, Tomé fez uma
pergunta que trouxe à tona uma resposta longa e instrutiva. Tomé disse: «Mestre,
no dia que fomos qualificados como embaixadores do reino, nos disseste muitas
coisas; nos instruíste sobre nossa maneira pessoal de viver, mas, o que
ensinaremos à multidão? Como viverão essa gente depois que o reino chegue mais
completamente? Teus discípulos possuirão escravos? Teus fiéis buscarão a pobreza
e evitarão a riqueza? Prevalecerá somente a misericórdia, de tal maneira que não
mais teremos lei nem justiça?» Jesus e os doze passaram toda a tarde e toda
aquela noite, depois da janta, discutindo as perguntas de Tomé. Para os
propósitos desta narração, apresentamos o seguinte resumo das instruções do
Mestre:
p1603:3 142:7.2 Em primeiro lugar, Jesus tratou de esclarecer a
seus apóstolos que ele mesmo estava na Terra vivendo uma vida excepcional na
carne, e que eles, os doze, foram chamados para participar nesta experiência de
efusão do Filho do Homem; e como tais colaboradores, eles também tinham que
compartilhar muitas das restrições e obrigações especiais de toda esta
experiência de efusão. Havia uma insinuação velada de que o Filho do Homem era a
única pessoa que vivera na Terra, que podia ver simultaneamente dentro do
coração de Deus e nas profundidades da alma humana.
p1603:4 142:7.3
Jesus explicou muito claramente que o reino dos céus era uma experiência
evolutiva, que começava aqui na Terra, e progredia através de etapas sucessivas
de vida até o Paraíso. No decurso da noite ele declarou definitivamente que em
alguma fase futura do desenvolvimento do reino, ele visitaria novamente este
mundo com poder espiritual e glória divina.
p1603:5 142:7.4 Depois ele
explicou que o «conceito do reino» não era a melhor maneira de ilustrar a
relação do homem com Deus; que ele empregava esta figura de linguagem porque o
povo judeu estava esperando o reino, e porque João havia predicado referindo-se
ao reino por vir. Jesus disse: «As pessoas de outra época compreenderão melhor o
evangelho do reino quando ele seja apresentado nos termos expressivos do
relacionamento familiar -quando o homem compreenda a religião como o ensinamento
da paternidade de Deus e a fraternidade dos homens, a filiação com Deus.» E
depois, o Mestre discursou com certa amplitude sobre a família terrestre, como
uma ilustração da família celestial, expondo de novo as duas leis fundamentais
da vida: o primeiro mandamento de amor pelo pai, o chefe da família, e o segundo
mandamento de amor mútuo entre os filhos, o de amar ao irmão como a si mesmo. E
logo explicou que esta qualidade do afeto fraternal se manifestaria
invariavelmente no serviço social altruísta e amoroso.
p1603:6 142:7.5
Seguindo a isto, sucedeu o debate memorável sobre as caraterísticas fundamentais
na vida familiar, e sua aplicação à relação existente entre Deus e o homem.
Jesus declarou que uma verdadeira família está fundada nos sete seguintes fatos:
p1604:1 142:7.61. O fato da existência. As relações da natureza e os
fenômenos da semelhança física estão ligados na família: os filhos herdam certos
traços de seus pais. Os filhos têm sua origem em seus pais; a existência de sua
personalidade depende do ato dos pais. A relação de pai e filho é inerente em
toda a natureza e impregna todas as existências vivas.
p1604:2 142:7.72.
A segurança e o prazer. Os pais autênticos experimentam um grande prazer em
satisfazer as necessidades de seus filhos. Muitos pais não se contentam em
suprir simplesmente as vontades de seus filhos, mas desfrutam também
assegurando-lhes seus prazeres.
p1604:3 142:7.83. A educação e a
preparação. Os pais sábios planejam cuidadosamente da educação e da preparação
adequada de seus filhos e filhas. Quando os jovens estão preparados para as
maiores responsabilidades da vida adulta.
p1604:4 142:7.94. A disciplina
e a moderação. Os pais previdentes também tomam medidas para a disciplina, a
direção, a correção e às vezes a moderação necessárias de sua jovem e imatura
prole.
p1604:5 142:7.105. O companheirismo e a lealdade. O pai afetuoso
mantém uma relação íntima e amorosa com seus filhos. Sempre está disposto a
escutar seus pedidos; sempre está preparado para compartilhar seus sofrimentos e
ajudá-los em suas dificuldades. O pai se interessa supremamente pelo bem-estar
progressivo de sua progênie.
p1604:6 142:7.116. O amor e a misericórdia.
Um pai compassivo perdoa espontaneamente; os pais não alimentam pensamentos
vingativos contra seus filhos. Os pais não são como os juízes, os inimigos ou os
credores. As famílias verdadeiras estão construídas sob a tolerância, a
paciência e o perdão.
p1604:7 142:7.127. As disposições para o futuro.
Os pais temporais gostam de deixar uma herança para seus filhos. A família
continua de uma geração à outra. A morte só acaba com uma geração para marcar o
começo da seguinte. A morte termina uma vida individual, mas não necessariamente
a família.
p1604:8 142:7.13 O Mestre discutiu durante horas a aplicação
destas caraterísticas da vida familiar nas relações do homem, o filho terrestre,
com Deus, o Pai do Paraíso. E esta foi sua conclusão: «Eu conheço em perfeição,
esta inteira relação de um filho com o Pai, porque já alcancei agora, sobre a
filiação, tudo o que vós deveis alcançar no eterno futuro. O Filho do Homem está
preparado para ascender à destra do Pai, de maneira que, em mim o caminho está
agora ainda mais aberto para que todos vós vejais a Deus e, antes de que eu
tenha terminado a gloriosa progressão, vos torneis perfeitos, assim como vosso
Pai que está nos céus é perfeito.»
p1604:9 142:7.14 Quando os apóstolos
escutaram estas palavras surpreendentes, recordaram as declarações que João
havia feito na época do batismo de Jesus, eles também se lembraram vividamente
desta experiência em relação às suas predicações e ensinamentos, depois da morte
e ressurreição do Mestre.
p1604:10 142:7.15 Jesus é um Filho divino,
alguém de total confiança do Pai Universal. Ele estava com o Pai e o compreendia
completamente. Agora ele vivia sua vida terrestre sob à inteira satisfação do
Pai, e esta encarnação na carne lhe havia permitido compreender totalmente o
homem. Jesus era a perfeição do homem; alcançara a mesma perfeição que todos os
verdadeiros crentes estão destinados a alcançar nele e através dele. Jesus
revelou ao homem um Deus de perfeição, e apresentou a Deus, por ele próprio, o
filho aperfeiçoado dos mundos.
p1605:1 142:7.16 Ainda que Jesus
discursava por várias horas, Tomé ainda não estava satisfeito, posto que disse:
«Mas, Mestre, não nos parece que o Pai que está nos céus nos trate sempre com
bondade e misericórdia. Muitas vezes sofremos enormemente na Terra, e nossas
orações nem sempre são atendidas. Em que ponto nós não conseguimos captar o
significado de teu ensinamento?»
p1605:2 142:7.17 Jesus replicou: «Tomé,
Tomé, quanto tempo necessitarás para adquirir a habilidade de escutar com o
ouvido do espírito? Quanto tempo passará antes que discirnas que este reino é um
reino espiritual, e que meu Pai é também um ser espiritual? Não compreendes que
eu vos ensino como filhos espirituais da família espiritual do céu, cujo chefe
paterno é um espírito infinito e eterno? Não me permitireis que eu utilize a
família terrestre como uma ilustração das relações divinas, sem aplicar meu
ensinamento tão literalmente aos assuntos materiais? Não podeis separar em vossa
mente as realidades espirituais do reino, dos problemas materiais, sociais,
econômicos e políticos desta época? Quando falo a linguagem do espírito, por que
insistis em traduzir minha intenção à linguagem da carne, simplesmente porque
tomo a liberdade de empregar as relações comuns e literais com uma finalidade
ilustrativa? Meus filhos, eu vos rogo que deixeis de aplicar o ensinamento do
reino do espírito aos sórdidos assuntos da escravidão, da pobreza, das casas e
das terras, e aos problemas materiais da equidade e justiça humanas. Essas
questões temporais são de interesse dos homens deste mundo, e ainda que em certo
modo afetam a todos os homens, vós fostes chamados para representar-me no mundo,
tal como eu represento a meu Pai. Sois os embaixadores espirituais de um reino
espiritual, os representantes especiais do Pai do espírito. À esta altura, já
deveria ser possível vos instruir como homens maduros do reino do espírito.
Terei ainda que me dirigir a vós como crianças? Não crescereis nunca na
percepção espiritual? Entretanto, eu vos amo e serei indulgente convosco até o
fim de nossa associação na carne. E inclusive depois, meu espírito seguirá
diante de vós no mundo inteiro.»
Na Judéia do Sul
p1605:3 142:8.1 A finais de abril, a oposição a Jesus entre os
fariseus e saduceus havia se tornada tão pronunciada que o Mestre e seus
apóstolos decidiram deixar Jerusalém por um tempo, dirigindo-se para o sul para
trabalhar em Belém e Hebrom. Todo o mês de maio foi utilizado fazendo trabalho
pessoal nestas cidades e entre o povo dos vilarejos vizinhos. Nenhuma pregação
pública foi feita nesta viagem, somente visitas de casa em casa. Enquanto os
apóstolos ensinavam o evangelho e cuidavam dos enfermos, Jesus e Abner passaram
uma parte deste tempo em En-Gedi, visitando a colônia nazarena. João Batista
havia saído deste lugar, e Abner fora chefe deste grupo. Muitos membros da
fraternidade nazarena se fizeram crentes em Jesus, mas a maioria destes homens
ascéticos e extravagantes recusou aceitá-lo como um instrutor enviado do céu,
porque ele não ensinava o jejum nem outras formas de abnegação. p1605:4 142:8.2
As pessoas que viviam nesta região não sabiam que Jesus havia nascido em Belém.
Tal como a grande maioria de seus discípulos, eles sempre haviam suposto que o
Mestre havia nascido em Nazaré, mas os doze conheciam a verdade.
p1605:5
142:8.3 Esta estada no sul da Judéia foi um período de trabalho sossegado e
frutífero; muitas almas foram somadas ao reino. Nos primeiros dias de junho, a
agitação contra Jesus havia se acalmado em Jerusalém, de modo que o Mestre e os
apóstolos retornaram para instruir e confortar aos crentes.
p1606:1
142:8.4 Ainda que Jesus e os apóstolos passaram todo o mês de junho em Jerusalém
ou nas proximidades, eles não efetuaram nenhum ensinamento público durante este
período. Viveram a maior parte do tempo nas tendas, que eles armaram em um
parque ou jardim sombreado, conhecido naquela época como Getsemâni. Este parque
estava situado na ladeira ocidental do Monte das Oliveiras, não longe do riacho
Cedron. Os sábados dos finais de semana eles passavam habitualmente com Lázaro e
suas irmãs em Betânia. Jesus penetrou somente poucas vezes dentro dos muros de
Jerusalém, mas um grande número de investigadores interessados foram até
Getsemâni para conversar com ele. Uma terça-feira à noite, Nicodemos e um tal
José de Arimatéia se aventuraram a visitar Jesus, mas retrocederam por medo,
mesmo depois de estarem de pé na frente da entrada da tenda do Mestre. E, é
claro, eles não se deram conta que Jesus sabia de todos os seus atos.
p1606:2 142:8.5 Quando os dirigentes dos judeus se inteiraram que Jesus
havia voltado a Jerusalém, se prepararam para prendê-lo; mas ao observar que ele
não pregava em público, concluíram que havia ficado assustado com o alvoroço
anterior, e decidiram permitir-lhe que continuasse ensinando desta maneira
privada, sem molestá-lo mais. E assim as coisas andaram tranqüilamente até os
últimos dias de junho, quando um tal Simão, membro do sinédrio, abraçou
publicamente os ensinamentos de Jesus, depois de declarar-se pessoalmente diante
dos chefes dos judeus. Imediatamente surgiu um novo alvoroço para capturar
Jesus, e ficou tão forte, que o Mestre decidiu retirar-se às cidades de Samaria
e Decápolis.
Tradução Voluntária Por : Heitor Carestiato Neto