A Permanência em Tiro e Sidon
Introdução
P 1734:1 156:0.1 Na tarde de sexta-feira, 10 de junho, Jesus e
seus companheiros chegaram às cercanias de Sidon onde se detiveram na casa de
uma mulher rica que havia sido paciente no hospital de Betsáida durante a época
em que Jesus estava no auge do favor popular. Os evangelistas e os apóstolos
ficaram alojados com as amigas dela nas redondezas imediatas, e eles descansaram
no dia de sábado entre estas paisagens refrescantes. Passaram quase duas semanas
e meia em Sidon e suas cercanias antes de se prepararem para visitar as cidades
costeiras do norte.
P 1734:2 156:0.2 Este sábado de junho foi um dia de
grande tranqüilidade. Os evangelistas e os apóstolos estavam todos absortos em
suas meditações sobre os discursos do Mestre sobre religião, que haviam escutado
no caminho para Sidon. Todos eles eram capazes de apreciar algo do que ele havia
dito, mas nenhum deles captou totalmente a importância de seu ensinamento.
A Mulher Síria
P 1734:3 156:1.1 Perto da casa de Karuska, onde o Mestre se
alojara, vivia ali uma mulher síria que havia ouvido muito sobre Jesus como um
grande curador e instrutor, e neste sábado à tarde, ela veio até ele, trazendo
sua filhinha. A menina, de quase doze anos de idade, estava afligida com uma
dolorosa desordem nervosa, caracterizada por convulsões e outras manifestações
agonizantes.
P 1734:4 156:1.2 Jesus havia encarregado a seus associados
que não informassem a ninguém de sua presença na casa de Karuska, explicando que
desejava ter um descanso. Apesar deles terem obedecido às instruções do Mestre,
a criada de Karuska havia ido à casa desta mulher síria, Norana, para informá-la
que Jesus se alojava na casa de sua ama, e havia exortado a esta ansiosa mãe a
que levasse sua aflita filha para ser curada. Esta mãe, é claro, acreditava que
sua filha estava possuída por um demônio, um espírito impuro.
P 1734:5
156:1.3 Quando Norana chegou com sua filha, os gêmeos Alfeu explicaram por
intermédio de um intérprete, que o Mestre estava descansando e que não podia ser
perturbado; e então Norana replicou que ela e sua filha, ficariam ali mesmo, até
que o Mestre tivesse terminado o seu descanso. Pedro também tentou discutir com
ela e para persuadi-la a voltar pra casa. Explicou que Jesus estava exausto de
tanto ensinar e curar, e que havia vindo à Fenícia para um período de
tranqüilidade e descanso. Mas foi inútil; Norana não queria ir embora. Às
súplicas de Pedro, ela se apenas respondia: “Não partirei até que tenha visto o
Mestre. Sei que ele pode expulsar o demônio de minha filha, e não irei até que o
curador tenha visto minha filha.”
P 1734:6 156:1.4 Então, Tomé tentou
despedir a mulher, mas apenas topou com o fracasso. Ela lhe disse: “Tenho fé em
que o teu Mestre conseguirá expulsar este demônio que atormenta a minha filha.
Tenho ouvido sobre suas obras poderosas na Galiléia, e creio nele. O que
aconteceu convosco, seus discípulos, para que queirais despedir aos que vêm
buscando a ajuda de vosso Mestre?” E quando ela assim falou, Tomé se retirou.
P 1735:1 156:1.5 Então Simão o Zelote se apresentou para advertir a
Norana. Simão disse: “Mulher, és uma gentia que fala grego. Não é certo que
devas esperar que o Mestre tome o pão destinado às crianças da casa favorecida e
o atire aos cães.” Mas Norana recusou se ofender com o ataque de Simão. Apenas
replicou: “Sim, instrutor, compreendo as vossas palavras. Sou somente um
cachorro aos olhos dos judeus, mas no que concerne ao vosso Mestre, sou um
cachorro crente. Estou decidida a que ele veja a minha filha, porque estou
persuadida de que, se ele somente a olhar, a curará. E até tu, meu bom homem,
não se atreverias a privar aos cães o privilégio de conseguirem as migalhas que
possam cair da mesa das crianças.”
P 17735:2 156:1.6 Neste preciso
momento, a garotinha foi assaltada por uma violenta convulsão diante de todos
eles, e a mãe exclamou: “Agora, podeis ver que a minha filha está possuída por
um espírito maligno. Se nossa miséria não vos impressiona, comoverá ao vosso
Mestre, sobre quem me foi dito que ama a todos os homens e que se atreve
inclusive a curar os gentios quando eles crêem. Não sois dignos de serdes seus
discípulos. Não irei até que minha filha tenha sido curada.”
P 1735:3
156:1.7 Jesus, que havia escutado toda esta conversa por uma janela aberta, saiu
então, para grande surpresa deles, e disse: “Oh mulher, grande é a tua fé, tão
grande que não posso recusar o que desejas; siga em paz em teu caminho. Tua
filha já foi curada.” E a menininha ficou boa a partir desse momento. Quando
Norana e a menina partiram, Jesus rogou-lhes que não contassem a ninguém sobre
este ocorrido; e ainda que seus companheiros cumpriram realmente este pedido, a
mãe e a menina não pararam de proclamar por toda a região, até mesmo em Sidon, o
fato da cura da garotinha, de tal maneira que Jesus achou conveniente se mudar
de seu alojamento poucos dias depois.
P 1735:4 156:1.8 No dia seguinte,
enquanto Jesus ensinava aos seus apóstolos, comentado sobre a cura da filha de
mulher síria, ele disse: “E tem sido assim todo o tempo; vedes por vós mesmos
como os gentios são capazes de exercer uma fé salvadora nos ensinamentos do
evangelho do reino dos céus. Em verdade, em verdade vos digo, que o reino do Pai
será ocupado pelos gentios se os filhos de Abraão não estão dispostos a
mostrarem a fé suficiente para entrarem nele.”
Ensinando em Sidon
P 1735:5 165:2.1 Ao entrar em Sidon, Jesus e seus associados
passaram por uma ponte, a primeira que muitos deles jamais haviam visto.
Enquanto caminhavam pela ponte, entre outras coisas, Jesus disse: “Este mundo é
apenas uma ponte; podeis passar por ela, mas não deveis construir uma morada
sobre ela.”
P 1735:6 156:2.2 Enquanto os vinte e quatro começavam os
seus trabalhos em Sidon, Jesus foi se alojar em uma casa situada exatamente ao
norte da cidade, a casa de Justa e sua mãe Berenice. Todas as manhãs, Jesus
ensinava aos vinte e quatro na casa de Justa, e durante a tarde e à noite iam a
Sidon para ensinar e pregar.
P 1735:7 156:2.3 Os apóstolos e os
evangelistas ficaram muito animados pela maneira em que os gentios de Sidon
receberam sua mensagem; durante sua curta estada, muitos deles foram agregados
ao reino. Este período de quase seis semanas na Fenícia foi um momento muito
frutífero na tarefa de ganhar almas, mas os autores judeus dos Evangelhos,
ficaram ligeiramente habituados a ignorar os registros desta cálida recepção dos
ensinamentos de Jesus pelos gentios, neste mesmo momento em que um tão grande
número de sua própria gente estava com uma postura hostil contra ele.
P
1736:1 156:2.4 Em muitos aspectos, estes crentes gentios apreciaram os
ensinamentos de Jesus mais completamente que os judeus. Muitos desses
siro-fenícios de língua grega, não somente chegaram a discernir que Jesus se
parecia com Deus, mas também que Deus se parecia com Jesus. Estes assim chamados
pagãos alcançaram uma boa compreensão dos ensinamentos do Mestre sobre a
uniformidade das leis deste mundo e de todo o universo. Eles captaram o
ensinamento de que Deus não faz acepção de pessoas, raças ou nações; que não
existem favoritismos com o Pai Universal; que o universo é totalmente e para
sempre eternamente cumpridor da lei. Estes gentios não estavam com medo de
Jesus; atreviam-se a aceitar sua mensagem. Ao longo de todos as idades, os
homens não têm sido capazes de compreenderem Jesus; têm tido medo de
compreendê-lo.
P 1736:2 156:2.5 Jesus esclareceu para os vinte e quatro,
que não havia fugido da Galiléia porque lhe faltava coragem para enfrentar seus
inimigos. Eles compreenderam que ele ainda não estava preparado para um conflito
aberto com a religião estabelecida, e que não procurava se tornar um mártir. Foi
durante uma destas conferências na casa de Justa que o Mestre disse pela
primeira vez a seus discípulos que “ainda que o céu e a terra desapareçam, as
minhas palavras de verdade não desaparecerão.“
P 1736:3 156:2.6 Durante
a estada em Sidon, o tema dos ensinamentos de Jesus foi o progresso espiritual.
Disse-lhes que eles não podiam ficar parados; que tinham que avançar em retidão
ou retroceder ao mal e ao pecado. Recomendou a que “esqueçais as coisas que
estão no passado enquanto avançais para abraçar as realidades maiores do reino.”
Ele os rogou para que não ficassem satisfeitos com sua imaturidade no evangelho,
mas que se esforçassem por alcançar a estatura plena da filiação divina na
comunhão do espírito e na irmandade dos crentes.
P 1736:4 156:2.7 Disse
Jesus: “Os meus discípulos não devem somente deixar de fazer o mal, mas aprender
a fazer o bem; não devem somente serem purificados de todo pecado consciente,
mas precisam recusar a abrigar até mesmo os sentimentos de culpa. Se confessais
os vossos pecados, eles estão perdoados; por isso tendes que manter uma
consciência desprovida de ofensa.”
P 1736:5 156:2.8 Jesus apreciava
enormemente o agudo senso de humor que estes gentios mostravam. Foi o senso de
humor manifestado por Norana, a mulher síria, bem como a sua grande e
persistente fé, que tanto comoveram o coração do Mestre e apelaram à sua
misericórdia. Jesus lamentava muito que a sua gente – os judeus – fossem tão
carentes do senso de humor. Uma vez ele disse a Tomé: “Meu povo se leva muito a
sério; eles quase são desprovidos do apreço pelo humor. A religião fatigante dos
fariseus jamais poderia ter origem num povo com semso de humor. Eles também
careciam de consistência; filtram os mosquitos e engolem camelos.”
A Viagem Subindo pela Costa
P 1736:6 156:3.1 Na quarta-feira, 28 de julho, o Mestre e seus
companheiros partiram de Sidon, subindo pela costa até Porfireom e Heldua. Eles
foram bem recebidos pelos gentios, e muitos foram agregados ao reino durante
esta semana de ensinamentos e pregações. Os apóstolos pregaram em Porfireom e os
evangelistas ensinaram em Heldua. Enquanto os vinte e quatro estavam empenhados
assim com o seu trabalho, Jesus os deixou por um período de três ou quatro dias,
para fazer uma visita à cidade costeira de Beirute, onde conversou com um sírio
chamado Malaque, que era um crente e que havia estado em Betsáida no ano
anterior.
P 1737:1 156:3.2 Na quarta feira, 6 de julho, todos eles
regressaram a Sidon e permaneceram na casa de Justa até o domingo de manhã,
quando partiram para Tiro, dirigindo-se pela costa até o sul pelo caminho de
Serepta, chegando a Tiro na segunda feira, 11 de julho. Por esta época, os
apóstolos e os evangelistas estavam se acostumando a trabalhar entre estes assim
chamados gentios, que na realidade descendiam principalmente das antigas tribos
cananéias de origem semítica ainda mais antiga. Todos estes povos falavam a
língua grega. Os apóstolos e os evangelistas ficaram grandemente surpresos ao
observarem a avidez destes gentios para ouvirem o evangelho , e a notarem a
presteza com que muitos deles acreditavam.
Em Tiro
P 1737:2 156:4.1 De 11 a 24 de julho eles ensinaram em Tiro.
Cada um dos apóstolos levou consigo um dos evangelistas, e assim, dois a dois,
ensinaram e pregaram em todas as partes de Tiro e suas vizinhanças. A população
poliglota deste ativo porto marítimo os escutava com prazer, e muitos foram
batizados na irmandade exterior do reino. Jesus estabeleceu seu quartel general
na casa de um judeu chamado José, um crente que vivia a três ou quatro milhas ao
sul de Tiro, não longe da tumba de Hirão, que havia sido rei da cidade-estado de
Tiro, na época de Davi e Salomão.
P 1737:3 156:4.2 Durante este período
de duas semanas, os apóstolos e os evangelistas entraram diariamente em Tiro
pelo molhe de Alexandre, para dirigirem pequenas reuniões, e a maioria deles
regressava a cada noite ao acampamento da casa de José, ao sul da cidade. Cada
dia, os crentes saíam da cidade para conversarem com Jesus em seu local de
descanso. O Mestre só falou em Tiro uma vez, na tarde de 20 de junho, quando
ensinou aos crentes sobre o amor do Pai por toda a humanidade e sobre a missão
do Filho de revelar o Pai a todas as raças humanas. Havia tanto interesse pelo
evangelho do reino entre esse gentios, que, nesta ocasião, as portas do templo
de Melcart foram abertas pra ele, e é interessante registrar que, em anos
posteriores, uma igreja Cristã foi construída no lugar mesmo deste antigo
templo.
P 1737:4 156:4.3 Muito dos chefes da indústria de manufatura da
púrpura de Tiro, a tinta que havia tornado Tiro e Sidon famosas no mundo
inteiro, e que haviam contribuído tanto para o seu comércio mundial e ao seu
conseqüente enriquecimento, acreditavam no reino. Quando, pouco tempo depois
começou a diminuir o abastecimento destes animais marinhos, que eram a fonte
deste corante, estes fabricantes de tinta saíram em busca de novos habitats
destes moluscos. E assim migraram aos confins da Terra, levando consigo a
mensagem da paternidade de Deus e da fraternidade dos homens – o evangelho do
reino.
O Ensinamento de Jesus em Tiro
P 1737:5 156:5.1 No decurso de sua palestra, nesta tarde de
quarta-feira, Jesus primeiro contou para os seus seguidores, a estória do lírio
branco que levanta sua cabeça pura e coberta de neve para a luz do sol, enquanto
suas raízes estão enterradas no lodo e no esterco do solo tenebroso. “Da mesma
maneira”, disse, “mesmo que o homem mortal tenha suas raízes de origem e de
existência no solo animal da natureza humana, pode elevar pela fé, a sua
natureza espiritual até à luz solar da verdade celestial, e render realmente os
nobres frutos do espírito.”
P 1738:1 156:5.2 Foi durante este mesmo
sermão que Jesus fez uso de sua primeira e única parábola relacionada com o seu
próprio ofício – a carpintaria. No decurso de sua admoestação sobre “construir
bem os alicerces para o crescimento de um nobre caráter de dons espirituais”,
disse: “Para render os frutos do espírito, vós deveis nascer do espírito. Deveis
ser ensinados pelo espírito, e conduzidos pelo espírito, se quereis viver uma
vida de plenitude espiritual entre vossos semelhantes. Porém, não cometais o
erro do carpinteiro tolo que desperdiça um tempo valioso enquadrando, medindo e
alisando uma madeira corroída pelos cupins e apodrecida por dentro, e então,
quando tiver consagrado todo o seu esforço a esta viga apodrecida, ter que
rejeitá-la por ela ser inadequada à fundação do edifício que ele queria
construir para resistir aos ataques do tempo e das tempestades. Que todo homem
se certifique de que os alicerces intelectuais e morais de seu caráter sejam tão
sólidos, que sustentem adequadamente a superestrutura da crescente e
enobrecedora natureza espiritual, que assim transformará a mente mortal, e
depois, em associação com esta mente recriada, alcançar o desenvolvimento da
alma de destino imortal. Vossa natureza espiritual – a alma criada conjuntamente
– é um crescimento vivo, mas a mente e a moral do indivíduo, são o terreno do
qual devem brotar estas manifestações superiores do desenvolvimento e do destino
humano. O solo da alma evolutiva é humano e material, mas o destino desta
criatura combinada de mente e de espírito, é espiritual e divino.”
P
1738:2 156:5.3 Na tarde deste mesmo dia, Natanael perguntou a Jesus: “Mestre,
por que oramos para que Deus não nos induza à tentação, quando sabemos muito
bem, por vossa revelação do Pai, que ele nunca faz tais coisas?” Jesus respondeu
a Natanael:
P 1738:3 156:5.4 “Não é de se estranhar que tenhais feito
estas perguntas, uma vez que estais começando a conhecer o Pai como eu o
conheço, e não como o víeis tão confusamente os antigos profetas hebreus. Sabeis
bem que nossos antepassados tinham a tendência de ver Deus em quase tudo que
acontecia. Eles procuravam a mão de Deus em todos os acontecimentos naturais e
em cada episódio insólito da experiência humana. Eles associavam Deus tanto ao
bem quanto ao mal. Pensavam que Deus havia abrandado o coração de Moisés e
endurecido o do Faraó. Quando o homem tinha um forte impulso de fazer algo, bom
ou mau, tinha o costume de explicar estas emoções pouco freqüentes, dizendo: ‘O
Senhor me falou dizendo, faça isso e assim, ou vá aqui e ali.’ Em conseqüência,
visto que os homens caíam tão freqüentemente e com tanta violência na tentação,
tornou-se um hábito dos nossos antepassados de acreditar que Deus os induzia à
ela para testá-los, castigá-los ou fortalecê-los. Mas vós, de fato, agora sabeis
melhor. Sabeis que todos os homens, com demasiada freqüência, são induzidos à
tentação pelo ímpeto de seu próprio egoísmo e pelos impulsos de sua natureza
animal. Quando sentirdes tentados desta maneira, vos recomendo que, ao mesmo
tempo em que reconheceis honestamente e sinceramente a tentação pelo que
exatamente ela é, redirecionai de maneira inteligente as energias espirituais,
mentais e corporais que estão procurando expressão, para canais superiores e
para metas mais idealistas. Desta maneira podereis transformar vossas tentações
nos tipos mais elevados de serviço humano edificante, e ao mesmo tempo,
evitarás, quase por completo, os conflitos destrutivos e debilitantes entre a
natureza animal e a natureza espiritual.
P 1738:4 156:5.5 “Mas deixai-me
vos prevenir contra a tolice de tentar superar a tentação pelo esforço de
suplantar um desejo por outro desejo supostamente superior, mediante a simples
força de vontade humana. Se quereis realmente triunfar sobre as tentações da
natureza mais baixa e inferior, deveis alcançar esta posição de superioridade
espiritual onde vós desenvolvestes, real e sinceramente, um interesse efetivo e
um amor por essas formas de conduta superiores e mais idealistas, que vossa
mente deseja substituir pelos hábitos de comportamentos inferiores e menos
idealistas que reconheceis como tentações. Desta maneira podereis ser
libertados, graças à transformação espiritual, em lugar de serdes cada vez mais
sobrecarregados pela repressão enganosa de desejos humanos. O antigo e o
inferior serão esquecidos no amor pelo novo e pelo superior. A beleza é sempre
triunfante sobre a fealdade no coração de todos os que estão iluminados pelo
amor da verdade. Existe um enorme poder na energia expulsiva de um afeto
espiritual novo e sincero. E de novo vos digo, não sejais derrotados pelo mal,
mas antes vencei o mal com o bem.”
P 1739:1 156:5.6 Os apóstolos e os
evangelistas continuaram fazendo perguntas até muito tarde da noite, e das
numerosas respostas de Jesus, apresentamos os seguintes pensamentos, rescritos
em fraseologia moderna:
P 1739:2 156:5.7 A ambição convincente, o
discernimento inteligente e uma sabedoria madura, são os fatores essenciais do
sucesso material. A liderança depende da aptidão natural, da discrição, da força
de vontade e determinação. O destino espiritual depende da fé, amor e devoção à
verdade – a fome e sede de retitude – o desejo entusiasmado de encontrar Deus e
ser como ele.
P 1739:3 156:5.8 Não ficai desanimados por descobrirdes
que sois humanos. A natureza humana pode tender para o mal, mas não é
inerentemente pecaminosa. Não ficai abatidos por vossa incapacidade em esquecer
completamente algumas de vossas experiências lamentáveis. Os erros que não
conseguis esquecer no tempo, serão esquecidos na eternidade. Aliviai as cargas
de vossa alma, ao adquirir rapidamente uma visão a longo prazo de vosso destino,
uma expansão universal de vossa carreira.
P 1739:4 156:5.9 Não cometais
o erro de estimar o valor da alma pelas imperfeições da mente ou pelos apetites
do corpo. Não julgueis a alma nem avalieis seu destino sobre a base de um único
episódio humano infeliz. Vosso destino espiritual somente está condicionado por
vossas ânsias e intenções espirituais.
P 1739:5 156:5.10 A religião é a
experiência exclusivamente espiritual da alma imortal evolutiva do homem que
conhece Deus, mas o poder moral e a energia espiritual são forças poderosas que
podem ser utilizadas para lidar com situações sociais difíceis e para resolver
problemas econômicos complicados. Estes dons morais e espirituais tornam mais
ricos e mais significativos, todos os níveis da vida humana.
P 1739:6
156:5.11 Vós estais destinados a viver uma vida limitada e medíocre se
aprenderdes a amar somente àqueles que vos amam. O amor humano pode realmente
ser recíproco, mas o amor divino é extrovertido em toda a sua busca de
satisfação. Quanto menos dose de amor na natureza de uma criatura, maior a
necessidade de amor, e tanto mais faz o amor divino para tentar satisfazer essa
necessidade. O amor jamais é egoísta, e não pode ser auto-concedido. O amor
divino não pode estar atuo-contido; precisa ser doado desinteressadamente.
P 1739:7 156:5.12 Os crentes no reino deveriam possuir uma fé implícita,
uma crença de toda a alma no triunfo certo da retidão. Os construtores do reino
não devem duvidar da verdade do evangelho de salvação eterna. Os crentes devem,
cada vez mais, aprender como afastarem-se da correria da vida – fugir dos
estresses da existência material – enquanto refrescam a alma, inspiram a mente e
renovam o espírito pela comunhão na adoração.
P 1739:8 156:5.13 Os
indivíduos que conhecem Deus não ficam desanimados pelas desgraças ou abatidos
pelas decepções. Os crentes são imunes à depressão conseqüente das reviravoltas
puramente materiais; os que vivem uma vida espiritual não são molestados pelos
episódios do mundo material. Os candidatos da vida eterna são praticantes de uma
técnica construtiva e fortificante, para enfrentar todas as vicissitudes e
moléstias da vida mortal. Um verdadeiro crente, a cada dia que vive, acha mais
fácil fazer as coisas certas.
P 1740:1 156:5.14 A vida espiritual
aumenta poderosamente a verdadeira auto-estima. Mas a auto-estima não é a
admiração por si mesmo. A auto-estima está sempre coordenada com o amor e o
serviços a seus semelhantes. Não é possível se estimar mais a si próprio do que
amar ao próximo; o indivíduo é o meio de capacitar o outro.
P 1740:2
156:5.15 À medida que os dias passam, cada crente verdadeiro se torna mais hábil
em atrair a seus semelhantes para o amor da verdade eterna. Estais hoje mais
engenhosos em revelar bondade para a humanidade do que estivestes ontem? Sois
este ano um melhor conselheiro da retidão do que éreis no ano passado? Estais
vos tornando, cada vez mais, artísticos em vossa técnica de conduzir almas
famintas para o reino espiritual?
P 1740:3 156:5.16 Os vossos ideais são
suficientemente elevados para assegurar vossa eterna salvação, e vossas idéias
são, ao mesmo tempo, tão práticas como para vos converter em cidadãos úteis, que
funcionam na Terra em associação com os vossos companheiros mortais? No
espírito, vossa cidadania está nos céus; na carne ainda, sois cidadãos dos
reinos da Terra. Dai a César as coisas que são materiais, e a Deus as que são
espirituais.
P 1740:4 156:5.17 A medida da capacidade espiritual da alma
evolutiva, é vossa fé na verdade e vosso amor pelos homens, mas a medida de
vossa força de caráter humano, é a vossa habilidade para resistir à influência
dos ressentimentos, e vossa capacidade para suportar inquietudes na presença da
tristeza profunda. A derrota é o verdadeiro espelho em que podeis contemplar
honestamente o vosso eu real.
P 1740:5 156:5.18 Conforme envelheceis nos
anos, e vos experimentastes nos assuntos do reino, estais vos tornando mais
diplomáticos em vossas relações com os mortais impertinentes e mais tolerantes
na convivência com vossos companheiros obstinados? O tato é o ponto de apoio do
impulso social, e a tolerância é a característica de uma grande alma. Se possuís
estes dons raros e encantadores, à medida que passam os dias, vos tornareis mais
alertas e experientes em vossos esforços meritórios de evitar todos os
desnecessários mal-entendidos sociais. Estas sábias almas são capazes de evitar
um bom número de dificuldades que com certeza fazem daqueles que sofrem da falta
de equilíbrio emocional, os que se negam a crescer, e os que se recusam
envelhecer com elegância.
P 1740:6 156:5,19 Evitai a desonestidade e a
injustiça em todos os vossos esforços de pregardes a verdade e proclamardes o
evangelho. Não buscai nenhum reconhecimento desmerecido e não anelai nenhuma
simpatia sem mérito. Recebei o amor livremente tanto das fontes divinas como das
humanas, independente de vosso merecimento, e em troca amai livremente. Mas em
todas as coisas relacionadas com a honra e a adulação, procurai somente o que
vos pertence honestamente.
P 1740:7 156:5.20 O mortal consciente de Deus
está seguro da salvação; ele é um destemido pela vida; é honesto e consistente.
Sabe como suportar os sofrimentos inevitáveis; ele não reclama quando se
enfrenta com as inevitáveis dificuldades.
P 1740:8 156:5.21 O verdadeiro
crente não se cansa de fazer o bem simplesmente porque esteja frustrado. As
dificuldades estimulam o ardor dos amantes da verdade, enquanto os obstáculos
apenas desafiam os esforços dos intrépidos construtores do reino.
17440:9 156:5.22 E Jesus os ensinou muitas outras coisas antes deles se
prepararem para partir de Tiro.
P 1740:10 156:5.23 No dia anterior de
Jesus deixar Tiro para regressar à região do Mar da Galiléia, ele reuniu os seus
associados e ordenou aos doze evangelistas que voltassem por uma rota diferente
da que ele e os doze apóstolos iam tomar. E depois de se separarem aqui de
Jesus, os evangelistas nunca mais estiveram tão intimamente associados com ele.
O Regresso da Fenícia
P 1741:1 156:6.1 Por volta do meio dia do domingo, 24 de julho,
Jesus e os doze deixaram a casa de José, ao sul de Tiro, descendo pela costa
para Ptolemaida. Neste lugar, eles se detiveram por um dia, dizendo palavras de
conforto ao grupo de crentes que residiam ali. Pedro pregou para eles na noite
de 25 de julho.
P 1741:2 156:6.2 Na terça, eles deixaram Ptolemaida,
dirigindo-se terra adentro para o este, pelo caminho de Tiberíades, até perto de
Jotapata. Na quarta-feira eles pararam em Jotapata e deram mais instruções aos
crentes sobre as coisas do reino. Na quinta-feira, saíram de Jotapata, se
encaminhando para o norte pela rota de Nazaré-Monte Líbano até o povoado de
Zebulom, pela estrada de Rama. Na sexta-feira, mantiveram reuniões em Rama e
ficaram até o sábado. No domingo dia 31, chegaram a Zebulom, celebrando uma
reunião naquela noite e partindo na manhã seguinte.
P 1741:3 156:6.3
Saindo de Zebulom, eles viajaram até a encruzilhada de Magdala-Sidon, perto de
Giscala, e dali se dirigiram a Genesaré pela costa ocidental do lago da
Galiléia, ao sul de Cafarnaum, onde haviam marcado um encontro com Davi Zebedeu,
e onde tinham a intenção de deliberar sobre o passo seguinte a ser dado na
tarefa de pregar o evangelho do reino.
P 1741:4 156:6.4 Durante uma
breve conversa com Davi, eles se informaram de que muitos dirigentes estavam
reunidos nesse momento na orla oposta do lago, perto de Queresa, e desta
maneira, naquela mesma noite, um barco os levou ao outro lado. Eles descansaram
tranqüilamente por um dia nas colinas, e no dia seguinte continuaram até o
parque, ali perto, onde o Mestre alimentara anteriormente aos cinco mil.
Descansaram ali durante três dias e diariamente tiveram conferências, às quais
foram assistidas por uns cinqüenta homens e mulheres, o remanescente do antigo
grupo numeroso de crentes que residiam em Cafarnaum e seus arredores.
P
1741:5 156:6.5 Enquanto Jesus estava ausente de Cafarnaum e da Galiléia, no
período de sua estada na Fenícia, seus inimigos acharam que todo o movimento
havia sido destruído, e concluíram que a pressa de Jesus em afastar-se dali,
indicava que ele estava tão assustado que provavelmente não voltaria nuca mais a
incomodá-los. Toda a oposição ativa aos seus ensinamentos havia quase se
acalmado. Os crentes estavam começando novamente a celebrar reuniões públicas, e
ali estava ocorrendo uma gradual, porém efetiva consolidação dos testados e
fiéis sobreviventes da grande peneira que os crentes do evangelho tinham acabado
de passar.
P 1741:6 156:6.6 Felipe, o irmão de Herodes, havia se
convertido em um meio crente de Jesus, e enviou uma mensagem de que o Mestre
estava livre para viver e trabalhar em seus domínios.
P 1741:7 156:6.7 A
ordem de fechar as sinagogas de todo o mundo judeu aos ensinamentos de Jesus e a
todos os seus seguidores, havia funcionado contrariamente aos escribas e
fariseus. Diretamente relacionado ao afastamento de Jesus como objeto de
controvérsia, produziu-se uma reação em toda a população judaica; houve um
ressentimento geral contra os fariseus e os dirigentes do sinédrio de Jerusalém.
Muitos dos chefes das sinagogas começaram a abrir de forma sub-reptícia, suas
sinagogas a Abner e seus associados, declarando que estes instrutores eram
seguidores de João, e não discípulos de Jesus.
P 1741:8 156:6.8 Até
mesmo Herodes Antipas experimentou uma mudança interior e, ao se informar de que
Jesus estava se hospedando no outro lado do lago, no território de seu irmão
Felipe, enviou um recado a ele de que, apesar dele ter assinado a autorização de
sua prisão na Galiléia, ele não havia autorizado sua captura na Peréia,
indicando desta maneira que Jesus não seria molestado se permanecesse fora da
Galiléia; e comunicou esta mesma decisão para os judeus de Jerusalém.
P
1742:1 156:6.9 E esta era a situação no princípio de agosto do ano 29 d.C.,
quando o Mestre regressou de sua missão na Fenícia e começou a reorganização de
suas dispersas, testadas e esgotadas forças para este último e memorável ano de
sua missão na Terra.
P 1742:2 156:6.10 Os resultados da batalha estão
claramente delineados enquanto o Mestre e seus companheiros se preparam para
iniciar a proclamação da nova religião, a religião do espírito do Deus vivo que
reside na mente dos homens.
Tradução Voluntária Por : Donato Donati Canfora