Escrito 175

 

O Último Discurso no Templo

[Comissão de Medianeiros]



Introdução

 



Pouco depois das duas da tarde desta terça-feira, Jesus, acompanhado de onze apóstolos, José de Arimatéia, dos trinta gregos e alguns outros discípulos, chegou ao templo e começou a pronunciar seu último sermão nos pátios do edifício sagrado. Este discurso estava destinado a ser seu último apelo ao povo judeu e a acusação final contra seus veementes inimigos e supostos destruidores – os escribas, fariseus, saduceus e dirigentes principais de Israel. Ao longo de toda a manhã, os diversos grupos haviam tido uma oportunidade de fazer perguntas a Jesus; nesta tarde, ninguém lhe fez perguntas.

p1905:2 175:0.2 Quando o Mestre começou a falar, o pátio do templo estava tranqüilo e em ordem. Os cambistas e os mercadores não haviam se atrevido a entrar novamente no templo desde que Jesus e a multidão excitada haviam-lhes expulsados no dia anterior. Antes de começar o discurso, Jesus fitou ternamente a este auditório que logo, logo iria escutar seu discurso público de despedida, sobre a misericórdia para com a humanidade, unido à sua última denúncia dos falsos educadores e dos fanáticos dirigentes dos judeus.

 

O Discurso

 



p1905:3 175:1.1 “Tanto tempo tenho estado convosco, subindo e descendo o país na proclamação do amor do Pai pelos filhos dos homens, e muitos têm visto a luz e entraram, pela fé, no reino dos céus. Juntamente com este ensinamento e esta pregação, o Pai tem realizado muitas obras maravilhosas, até mesmo ressuscitando os mortos. Muitos enfermos e afligidos recuperaram a saúde porque creram; mas toda esta proclamação da verdade e cura de enfermidades não abriu os olhos daqueles que se negam a ver a luz, aqueles que estão decididos a rechaçar este evangelho do reino.

p1905:4 175:1.2 “De todas as maneiras compatíveis com a realização da vontade de meu Pai, meus apóstolos e eu temos feito tudo o possível por viver em paz com nossos irmãos, por cumprir com as exigências razoáveis das leis de Moisés e as tradições de Israel. Temos buscado a paz constantemente, mas os dirigentes de Israel não a querem. Ao rechaçarem a verdade de Deus e a luz do céu, eles estão se alinhando ao erro e às trevas. Não pode haver paz entre a luz e as trevas, entre a vida e a morte, entre a verdade e o erro.

p1905:5 175:1.3 “Muitos de vós vos atrevêreis a crer em meus ensinamentos e já entráreis na alegria e na liberdade da consciência da filiação com Deus. E dareis testemunho de que ofereci esta mesma filiação com Deus a toda a nação judaica, inclusive a esses mesmos homens que agora tentam me destruir. E inclusive agora, meu Pai receberia a esses educadores cegos e a esses dirigentes hipócritas, se eles apenas volvessem para ele e aceitassem sua misericórdia. Mesmo agora não é demasiado tarde para que esta gente receba a palavra do céu e acolha o Filho do Homem.

p1906:1 175:1.4 “Meu Pai tratou este povo com misericórdia durante muito tempo. Geração após geração, enviamos nossos profetas para lhes ensinar e advertir, e geração após geração, eles mataram estes instrutores enviados do céu. E agora, vossos altos sacerdotes obstinados e vossos dirigentes teimosos continuam fazendo exatamente esta mesma coisa. Do mesmo modo que Herodes provocou a morte de João, vós também vos preparais agora para destruir ao Filho do Homem.

p1906:2 175:1.5 “Enquanto exista uma possibilidade de que os judeus se voltem para meu Pai e busquem a salvação, o Deus de Abraão, de Isaac e de Jacó manterá suas mãos misericordiosas estendidas para vós; porém, uma vez que enchestes vosso cálice de impenitência, e uma vez que rechaçastes finalmente a misericórdia de meu Pai, esta nação será abandonada à sua própria sorte, e chegará rapidamente a um final ignominioso. Este povo foi chamado a se tornar a luz do mundo, a mostrar a glória espiritual de uma raça que conhecia a Deus, mas vos desviastes tanto da realização de vossos privilégios divinos, que vossos dirigentes estão a ponto de cometer a loucura suprema de todos os tempos, no sentido de que estão prestes a rechaçar finalmente o dom de Deus a todos os homens e para todos os tempos —a revelação do amor do Pai que está nos céus por todas as suas criaturas da Terra.

p1906:3 175:1.6 “Uma vez que rejeiteis esta revelação de Deus ao homem, o reino dos céus será entregue a outros povos, àqueles que o recebam com alegria e felicidade. Em nome do Pai que me enviou, advirto-vos solenemente que estais a ponto de perder vossa posição no mundo como porta-estandartes da verdade eterna e guardiões da lei divina. Neste momento vos estou oferecendo vossa última oportunidade de vos apresentardes e arrependerdes, para anunciar vossa intenção de buscar a Deus com todo vosso coração e entrar, como criancinhas e mediante uma fé sincera, na segurança e na salvação do reino dos céus.

p1906:4 175:1.7 “Meu Pai tem trabalhado durante muito tempo por vossa salvação, e eu desci para viver entre vós e vos mostrar pessoalmente o caminho. Muitos judeus e samaritanos, e inclusive os gentios, creram no evangelho do reino, mas aqueles que deveriam ser os primeiros a se apresentar para aceitar a luz do céu, negaram-se firmemente a crer na revelação da verdade de Deus —Deus revelado no homem e o homem elevado a Deus.

p1906:5 175:1.8 “Esta tarde, meus apóstolos estão aqui diante de vós em silêncio, mas em breve escutareis suas vozes anunciando o chamado à salvação e o estímulo a se juntar ao reino celestial como filhos do Deus vivo. E agora, convido a que estes, meus discípulos e crentes no evangelho do reino, assim como os mensageiros invisíveis ao lado deles, dêem testemunho de que ofereci uma vez mais, a Israel e a seus dirigentes, a libertação e a salvação. Mas todos vós observais como a misericórdia do Pai é desprezada e como os mensageiros da verdade são rechaçados. Entretanto, admoesto-vos que esses escribas e fariseus ainda estão sentados na cadeira de Moisés, e portanto, até que os Altíssimos que governam nos reinos dos homens não tenham derrubado finalmente esta nação e destruído o lugar desses dirigentes, eu vos peço que coopereis com esses anciões de Israel. Vós não sois obrigados a se unirdes a eles em seus planos para destruir o Filho do Homem, mas em tudo o relacionado com a paz de Israel, deveis vos submeter a eles. Em todas essas questões, fazei tudo o que eles vos ordenem e cumpri o essencial da lei, mas não imiteis suas más ações. Recordai, este é o pecado desses governantes: Dizem o que é bom, mas não o fazem. Sabeis bem como esses dirigentes lançam sobre vossos ombros cargas pesadas, cargas penosas de levar, e que não levantarão nem um só dedo para vos ajudar a levar essas pesadas cargas. Eles vos têm oprimido com cerimônias e escravizado com tradições.

p1907:1 175:1.9 “Ademais, esses dirigentes egocêntricos deleitam-se em fazer suas boas obras de maneira que sejam vistos pelos homens. Engrandecem suas filactérias e ampliam as bordas de suas túnicas oficiais. Anelam os lugares principais nos banquetes e exigem os assentos de honra nas sinagogas. Cobiçam as saudações elogiosas nos mercados livre e desejam ser chamados de rabinos por todos os homens. E até quando procuram todas essas honras dos homens, apoderam-se secretamente das casas das viúvas e tiram proveito dos serviços do templo sagrado. Por encenação, esses hipócritas fazem longas orações em público, e dão esmolas para atrair a atenção de seus semelhantes.

p1907:2 175:1.10 “Ainda que deveis honrar vossos dirigentes e respeitar vossos educadores, não deveis chamar ninguém de Pai no sentido espiritual, porque apenas existe um que é vosso Pai, Deus mesmo. Tampouco deveis tentar dominar vossos irmãos no reino. Recordai, eu vos ensinei que aquele que queira ser o maior entre vós, deve se tornar o servo de todos. Se ousais a vos exaltar diante de Deus, sem dúvida sereis humilhados; mas aquele que se humilha sinceramente, será exaltado com toda certeza. Procurai em vossa vida diária, não a vossa própria glorificação, mas a glória de Deus. Subordinai-vos inteligentemente vossa própria vontade à vontade do Pai que está nos céus.

p1907:3 175:1.11 “Não interpreteis mal minhas palavras. Não tenho nenhuma má intenção para esses chefes dos sacerdotes e os dirigentes que neste mesmo momento procuram a minha destruição; não tenho nenhuma má vontade contra esses escribas e fariseus que rejeitam meus ensinamentos. Sei que muitos de vós acreditais em segredo, e sei que professareis abertamente vossa lealdade para com o reino quando chegue minha hora. Mas, como vossos rabinos se justificarão, uma vez que declaram falar com Deus e logo se atrevem a rechaçar e destruir àquele que vem revelar o Pai aos mundos?

p1907:4 175:1.12 “Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! Quiséreis fechar as portas do reino dos céus aos homens sinceros, porque eles por um acaso, não são instruídos nos caminhos de vosso ensinamento. Vós vos negais a entrar no reino, e ao mesmo tempo, fazeis tudo a seu alcance para impedir que todos os demais entrem. Permaneceis de costas para as portas da salvação, e lutais contra todos os que querem entrar nelas.

p1907:5 175:1.13 “Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas que sois! Porque percorreis de fato a terra e o mar para fazer um prosélito, e depois de terdes conseguido, não ficais satisfeitos até que o façais duas vezes pior do que era como filho dos pagãos.

p1907:6 175:1.14 “Ai de vós, sacerdotes principais e dirigentes, que vos apossais dos bens dos pobres e exigis impostos opressivos aos que querem servir a Deus conforme crêem que Moisés o ordenou! Vós, que vos recusais a mostrar misericórdia, podeis esperar misericórdia nos mundos vindouros?

p1907:7 175:1.15 “Ai de vós, falsos educadores e guias cegos! O que pode ser esperado de uma nação quando os cegos conduzem aos cegos? Os dois tropeçarão e cairão no abismo da destruição.

p1907:8 175:1.16 “Ai de vós que dissimulais quando prestais juramento! Sois uns trapaceiros, porque ensinais que um homem pode jurar pelo templo e violar seu juramento, mas todo aquele que jurar pelo ouro do templo, deve permanecer comprometido. Todos vós sois néscios e cegos. Nem sequer sois consistentes em vossa desonestidade, pois o que é mais importante, o ouro ou o templo que supostamente santificou ao ouro? Vós também ensinais que, se um homem jura pelo altar, não significa nada; mas que, se alguém jura pela oferenda que está sobre o altar, então será tido como um devedor. Novamente estais cegos ante a verdade, pois o que é mais importante, a oferenda ou o altar que santifica a oferenda? Como podeis justificar tal hipocrisia e desonestidade aos olhos do Deus do céu?

p1908:1 175:1.17 “Ai de vós, escribas e fariseus, e todos os demais hipócritas, que vos assegurais de pagar o dízimo da hortelã, do anis e do cuminho, e ao mesmo tempo descuidais dos assuntos mais importantes da lei —a fé, a misericórdia e o juízo! Dentro do razoável, vós deveríeis ter feito o primeiro sem ter deixado de fazer o segundo. Sois realmente uns guias cegos e uns educadores estúpidos; coais os mosquitos e engolis os camelos.

p1908:2 175:1.18 “Ai de vós, escribas, fariseus e hipócritas! Pois sois escrupulosos para limpar o exterior do copo e do prato, mas ali dentro permanece a imundice da extorsão, os excessos e o engano. Estais espiritualmente cegos. Não reconheceis como seria muito melhor limpar primeiro o interior do copo, e depois aquilo que transborda limparia por si mesmo o exterior? Réprobos perversos! Realizais os atos exteriores de vossa religião para cumprir literalmente com vossa interpretação da lei de Moisés, ao mesmo tempo que vossas almas estão impregnadas de iniquidade e repletas de intenções assassinas.

p1908:3 175:1.19 “Ai de todos vós que rechaçais a verdade e desprezais a misericórdia! Muitos de vós sois semelhantes aos sepulcros caiados, que se mostram belos por fora, mas por dentro estão repletos de ossos de mortos e de todo tipo de impurezas. Assim mesmo que vós rechaçais conscientemente o conselho de Deus, mostrai-vos exteriormente aos homens como santos e retos, mas por dentro vossos corações estão cheios de hipocrisia e iniquidade.

p1908:4 175:1.20 “Ai de vós, guias falsos de uma nação! Construístes no distante além um monumento aos antigos profetas martirizados, enquanto conspirais para destruir Àquele de quem eles falavam. Adornais as tumbas dos justos e se lisonjeiam de que, se tivésseis vivido na época de vossos pais, não teríeis matado os profetas; e então, a despeito deste pensamento presunçoso, preparai-vos para assassinar àquele de quem os profetas falavam, o Filho do Homem. Em vista de que fazeis estas coisas, atestareis a vós mesmos de que sois os filhos perversos daqueles que mataram os profetas. Continuai pois, e enchei o cálice da vossa condenação até a boca!

p1908:5 175:1.21 “Ai de vós, filhos do mal! João vos chamou acertadamente de os filhos das víboras, e eu vos pergunto, como podeis escapar do juízo que João pronunciou contra vós?

p1908:6 175:1.22 “Mas mesmo agora eu vos ofereço, em nome de meu Pai, a misericórdia e o perdão; inclusive agora vos ofereço a mão amorosa da irmandade eterna. Meu Pai vos enviou os sábios e os profetas; vós perseguistes alguns e matastes a outros. Depois João apareceu, proclamando a chegada do Filho do Homem, e o destruístes depois de que muitos tiveram acreditado em seus ensinamentos. E agora vos preparais para derramar mais sangue inocente. Não compreendeis que chegará um dia terrível de prestação de contas, quando o Juiz de toda a Terra exija que este povo explique porquê rechaçara, perseguira e destruíra estes mensageiros do céu? Não compreendeis que deveis render contas por toda este sangue justo, desde o primeiro profeta assassinado até os tempos de Zacarias, o qual foi assassinado entre o santuário e o altar? E se continuais em vossos caminhos perversos, talvez esta prestação de contas seja requerida desta mesma geração.

p1908:7 175:1.23 “Oh Jerusalém e filhos de Abraão, vós que apedrejastes os profetas e matastes os instrutores que vos foram enviados, eu queria inclusive agora, reunir vossos filhos tal como a galinha reúne seus pintos debaixo de suas asas, mas vós não quereis!

p1908:8 175:1.24 “E agora me despeço de vós. Escutastes minha mensagem e tomastes vossa decisão. Aqueles que creram em meu evangelho estão agora mesmo a salvo no reino de Deus. A vós, que escolhêreis rejeitar o presente de Deus, eu digo que não me vereis mais ensinar no templo. Meu trabalho a vosso favor está feito. Vede, eu agora saio com meus filhos, e vossa casa está entregue à desolação!”

p1908:9 175:1.25 E em seguida, o Mestre acenou pra seus seguidores para que saíssem do templo.

 

A Condição dos Judeus

 



p1909:1 175:2.1 O fato de que os dirigentes espirituais e os educadores religiosos da nação judaica rejeitaram no passado os ensinamentos de Jesus e conspiraram para provocar sua morte cruel, não afeta de nenhuma forma a situação de cada judeu em sua posição perante Deus. E isso não deveria fazer com que aqueles que professem ser seguidores de Cristo sejam preconceituosos contra os judeus como companheiros mortais. Os judeus, como nação, como grupo sócio-político, pagaram completamente o terrível preço de rechaçar o Príncipe da Paz. Há muito tempo que deixaram de ser os portadores espirituais da verdade divina para as raças da humanidade, mas isto não constitui uma razão válida para que os descendentes individuais daqueles antigos judeus devam ser levados a sofrer as perseguições que lhes têm sido infligido por seguidores professos, intolerantes, indignos e fanáticos de Jesus de Nazaré, o qual era, ele mesmo, um judeu de nascimento.

p1909:2 175:2.2 Este ódio e esta perseguição irracionais, nada cristãos, contra os judeus modernos, findou no sofrimento e morte de algum judeu inocente e inofensivo, cujos mesmos antepassados, nos tempos de Jesus, haviam aceitado seu evangelho de todo coração e depois morreram corajosamente por aquela verdade na qual acreditavam tão sinceramente. Que calafrio de horror percorre os seres celestiais espectadores, quando contemplam os seguidores professos de Jesus se permitirem à perseguição, ao tormento e inclusive ao assassinato dos descendentes posteriores de Pedro, Felipe e Mateus, e de outros judeus palestinos que deram suas vidas tão gloriosamente como os primeiros mártires do evangelho do reino dos céus!

p1909:3 175:2.3 Quão cruel e irracional obrigar crianças inocentes a que sofram pelos pecados de seus progenitores, por delitos que eles ignoram completamente, e pelos quais não podem ser responsáveis de forma alguma! E realizar estas ações perversas em nome daquele que ensinou seus discípulos a amarem inclusive a seus inimigos! Neste relato da vida de Jesus, fez-se necessário descrever a maneira em que alguns de seus compatriotas judeus o rejeitaram e conspiraram para provocar sua morte ignominiosa; mas nós queremos advertir a todos que leiam esta narração, que a apresentação deste relato histórico não justifica de forma alguma o ódio injusto, nem perdoa a atitude mental sem equidade, que tantos cristãos professos têm mantido durante muitos séculos contra os indivíduos judeus. Os crentes no reino, os que seguem os ensinamentos de Jesus, devem deixar de maltratar o judeu individual como alguém que é culpado pelo rechaço e crucifixão de Jesus. O Pai e seu Filho Criador nunca deixaram de amar os judeus. Deus não faz acepção de pessoas, e a salvação é tanto para os judeus como para os gentios.

 

A Nefasta Reunião do Sinédrio

 



p1909:4 175:3.1 A nefasta reunião do sinédrio foi convocada para esta terça-feira às oito da noite. Em muitas ocasiões anteriores, este tribunal supremo da nação judaica havia decretado de maneira não oficial a morte de Jesus. Este augusto corpo governante havia decidido muitas vezes pôr um fim à sua obra, mas nunca antes havia resolvido prendê-lo e provocar sua morte à toda custa. Era um pouco antes da meia-noite desta terça-feira 4 de abril, do ano 30 d.C, que o sinédrio, tal como constituído nesse momento, votou oficialmente e por unanimidade impor a sentença de morte tanto a Jesus como a Lázaro. Esta foi a resposta ao último apelo do Mestre aos dirigentes dos judeus, no qual ele havia feito no templo tão só umas horas antes, e isso representava a reação deles de amargo ressentimento para com Jesus por sua última e vigorosa denúncia contra estes mesmos sacerdotes principais, e saduceus e fariseus impenitentes. A sentença de morte do Filho de Deus (inclusive antes de seu julgamento) foi a resposta do sinédrio à última oferta de misericórdia celestial que jamais fora concedida à nação judaica como tal.

p1910:1 175:3.2 A partir daquele momento, os judeus foram deixados sós para que terminassem seu breve e curto período de vida nacional, em total acordo com sua posição puramente humana entre as nações de Urantia. Israel havia repudiado o Filho do Deus que havia feito uma aliança com Abraão, e o plano de tornar os filhos de Abraão os portadores da luz da verdade no mundo, havia sido despedaçado. A aliança divina havia sido anulado, e o final da nação hebréia se aproximava rapidamente.

p1910:2 175:3.3 Os oficiais do sinédrio receberam a ordem de prender Jesus na manhã seguinte bem cedo, mas com instruções de que ele não devia ser detido em público. Ele foram avisados sobre o plano de pegá-lo em segredo, preferivelmente de maneira repentina e à noite. Compreendendo que ele não pudesse retornar naquele dia (quarta-feira) para ensinar no templo, indicaram a aqueles oficiais do sinédrio que “trouxessem-no perante o alto tribunal judeu a qualquer hora antes da meia-noite de quinta-feira.”

 

A Situação em Jerusalém

 



p1910:3 175:4.1 Ao final do último discurso de Jesus no templo, os apóstolos ficaram uma vez mais confundidos e consternados. Judas havia regressado ao templo antes que o Mestre começasse sua terrível acusação contra os dirigentes judeus, de maneira que todos os doze escutaram esta segunda metade do último discurso de Jesus no templo. É uma pena que Judas Iscariotes não pôde escutar a primeira metade deste discurso de despedida, que oferecia a misericórdia. Ele não escutou esta última oferta de misericórdia aos dirigentes judeus porque ainda estava em reunião com um certo grupo de parentes e amigos saduceus com quem havia almoçado, e com quem esteve conversando sobre a maneira mais adequada dele se separar de Jesus e de seus companheiros apóstolos. Enquanto ele estava escutando a acusação final do Mestre contra os chefes e dirigentes judeus, Judas se decidiu final e completamente abandonar o movimento evangélico e lavar suas mãos de toda esta empreitada. Entretanto, deixou o templo em companhia dos doze, e se dirigiu com eles ao Monte das Oliveiras, onde escutou, junto com seus companheiros apóstolos, o discurso fatídico sobre a destruição de Jerusalém e o final da nação judaica, e permaneceu com eles naquela noite de terça-feira, no novo acampamento perto do Getsemâni.

p1910:4 175:4.2 A multidão que escutou a guinada de Jesus, de seu chamado misericordioso aos dirigentes judeus, naquela abrupta e grave repreensão que raiava à condenação sem misericórdia, ficou atônita e desconcertada. Naquela noite, enquanto o sinédrio pronunciava a sentença de morte contra Jesus, e enquanto o Mestre sentava-se com seus apóstolos e alguns de seus discípulos no Monte das Oliveiras, prevendo a morte da nação judaica, toda Jerusalém estava entregue à séria e reprimida discussão de apenas um pergunta: “Que vão fazer com Jesus?”

p1910:5 175:4.3 Na casa de Nicodemos, mais de trinta judeus proeminentes que acreditavam em segredo no reino, reuniram-se e debateram que rumo seguiriam no caso de acontecer uma ruptura aberta com o sinédrio. Todos os presentes concordaram que reconheceriam abertamente sua lealdade ao Mestre na mesma hora em que soubessem de sua prisão. E isso foi exatamente o que fizeram.

p1911:1 175:4.4 Os saduceus, que agora controlavam e dominavam o sinédrio, estavam dispostos a eliminar Jesus pelas seguintes razões:

p1911:2 175:4.5 1. Eles temiam que o crescente favor popular com que a multidão o considerava, ameaçasse com pôr em perigo a existência da nação judaica, devido a uma possível complicação com as autoridades romanas.

p1911:3 175:4.6 2. Seu ardor pela reforma do templo afetava diretamente seus rendimentos; a purificação do templo prejudicava seus bolsos.

p1911:4 175:4.7 3. Eles se sentiam responsáveis pela preservação da ordem social, e temiam as conseqüências de uma expansão posterior da nova e estranha doutrina de Jesus sobre a fraternidade dos homens.

p1911:5 175:4.8 Os fariseus tinham motivos diferentes para desejar ver Jesus morto. Temiam-no porque:

p1911:6 175:4.9 1. Ele estava envolto em uma eficaz oposição ao seu domínio tradicional sobre o povo. Os fariseus eram ultraconservadores, e ressentiram amargamente estes ataques, supostamente radicais, contra seu prestígio estabelecido como instrutores religiosos.

p1911:7 175:4.10 2. Sustentavam que Jesus era um delinqüente; que havia mostrado um desprezo total pelo sábado e por outras numerosas exigências legais e cerimoniais.

p1911:8 175:4.11 3. Acusavam-no de blasfêmia porque se referia a Deus como seu Pai. p1911:9 175:4.12 4. E agora estavam profundamente irritados contra ele por causa de seu último discurso de denúncia feroz que ele havia pronunciado naquele dia no templo, como a parte final de seu sermão de despedida.

p1911:10 175:4.13 O sinédrio, ao ter decretado oficialmente a morte de Jesus e ter dado as ordens para sua prisão, encerrou a reunião nesta terça-feira quase à meia-noite, depois de marcar um reunião para as dez da manhã do dia seguinte, na casa do sumo sacerdote Caifás, com o objetivo de formular as acusações que levaria Jesus a julgamento.

p1911:11 175:4.14 Um pequeno grupo de saduceus havia de fato proposto, a eliminação de Jesus mediante o assassinato, mas os fariseus se negaram terminantemente a apoiar este procedimento.

p1911:12 175:4.15 E esta era a situação em Jerusalém e entre os homens neste dia cheio de acontecimentos, enquanto uma enorme multidão de seres celestiais se volteavam sobre esta importante cena na Terra, impacientes por fazer alguma coisa para ajudar a seu amado Soberano, mas sem poder agir porque estavam efetivamente restringidos pelos seus comandantes superiores.

 




Tradução Voluntária Por : Heitor Carestiato Neto