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Quando as coisas vão mal

Quando nos sentimos em dúvida ou confusos

Por Harry McMullan, III
tradução em português por Ana Maria Nascimento Roberto


Tomar decisões importantes nunca é fácil pois a vida neste mundo é um contínuo comprometimento. Precisamos ganhar a vida para nos mantermos vivos e, ainda que relutantemente, servir a Mamon. Anelamos servir aos outros mas, ao mesmo tempo, buscamos o sucesso pessoal.

"Mostra-nos o caminho, Pai!" suplica a nossa alma mas não recebemos nenhuma resposta concreta e tropeçamos, titubeantes e indecisos, por estarmos inseguros quanto ao caminho a seguir. Ficamos deslumbrados com aqueles que crêem ver um farol na vida, que marcham direto para ele praguejando contra todos os obstáculos, como um exército de formigas em sua busca devoradora enquanto nós, expectadores, nos debatemos no fútil desperdício de tempo, tentando uma coisa depois da outra e sempre fracassando. Passamos noites em claro, buscando orientação, enquanto um véu de desconhecimento nos separa deste senso de objetivo pessoal e destino que procuramos.

Diz o provérbio : "O povo perece sem uma visão"; de fato, sem direção nossa motivação para realizar propósitos meritórios é instável como os brinquedos infantis de montagem. Necessitamos de metas para alimentar nosso espírito e nos prover naqueles momentos da vida em que, quando nos causarem vergões e cortes, os espinhos do caminho nos façam questionar se o objetivo distante vale a pena.

Há grande diferença entre dúvida e confusão. A confusão ocasional não é nada mais que o produto da adoção de novas idéias e não nos causam nenhum dano desde que não nos desorientemos. A confusão nasce da imaturidade face à multiplicidade das filosofias humanas e a lógica superficial que aparentemente as justificam. A confusão é inevitável; porém, tão logo insistamos no relacionamento com nosso Pai, a contínua revelação espiritual dissipa o debilitamento passageiro.

A dúvida é mais desastrosa pois ela racionaliza, faz com que tomemos nosso próprio caminho em vez do de Deus. Duvidar é, de forma deliberada, desviar do rumo natural o coração humano, que é em direção a Deus. Duvidar é negar a coisa mais real e verdadeira que há em nós : a presença de Deus em nossa mente; é o abandono dos nossos mais altos ideais de amor, verdade, serviço, esperança e fé. A dúvida nos leva ao nada, ao vácuo que existe na ausência do espírito. A dúvida é o maior dos inimigos e a combatemos voltando-nos para Deus, para o amor radiante do Pai que afasta tudo o que possa causar dano à nossa alma.

A dúvida é uma anomalia; a condição normal é a fé. A fé é uma dádiva; para recebê-la é preciso apenas que abramos a mente e o coração para Deus. A fé leva nosso coração aos canais superiores do amor universal que o Pai concede a todos os que o amam e o seguem. É o modo de viver. Podemos perceber a diferença entre o nada da dúvida e a expansividade da fé e o júbilo e paz provenientes da comunhão espiritual são a evidência da presença do Pai em nossa alma.

O conhecimento do poder do Pai, de sua bondade amorosa, de sua direção, torna-se nosso giroscópio espiritual nos tumultos e furacões da vida que escapam ao nosso débil controle, estabilizando nosso navio à medida que ele sulca a escuridão do mar desconhecido.

 

Afinal, a maior evidência da bondade de Deus e a suprema razão para amá-lo é o dom do Pai que mora em vós : o Modelador, que com tanta paciência aguarda a hora em que ambos vos façais unos eternamente. Posto que não podeis encontrar a Deus por meio da investigação, se vos deixardes guiar pelo espírito interior sereis infalivelmente levados, passo a passo, vida após vida, universo após universo e era após era até finalmente vos encontrardes na presença pessoal do Pai Universal do Paraíso. (2:5.5)

A vida religiosa é uma vida dedicada, e a vida dedicada é uma vida criativa, original e espontânea. Uma nova percepção religiosa desponta dos conflitos que dão princípio à troca de padrões de comportamento antigos e inferiores por novos e melhores hábitos. Novos sentidos surgem somente em meio a conflitos, que persistem apenas em face da recusa de adotar os valores superiores implícitos nestes sentidos superiores.

A perplexidade ante a religião é inevitável; não pode haver nenhum crescimento sem conflito psíquico e agitação espiritual. A organização de um modelo de vida filosófico acarreta uma considerável comoção nos âmbitos filosóficos da mente. A lealdade não é exercida em favor do grande, do bom, do verdadeiro e do nobre sem empenho. O esforço acompanha o aclaramento da visão espiritual e o aumento da percepção espiritual. E o intelecto humano protesta contra ser privado de subsistir sob as energias não espirituais cuja existência é temporal. A indolente mente animal rebela-se ante o esforço requerido na luta pela solução do problema cósmico.

Mas o grande problema da vida religiosa consiste na tarefa de unificar os poderes da alma da pessoa por meio do predomínio do AMOR. (100:4.1-3)

A crença pode não resistir à dúvida ou pode não fazer frente ao temor mas a fé sempre triunfa sobre a dúvida pois é positiva e viva. O positivo sempre tem vantagem sobre o negativo, a verdade sobre o erro, a experiência sobre a teoria, as realidades espirituais sobre os fatos isolados do tempo e do espaço. (102:6.7)

Vós, humanos, haveis começado um desdobrar sem fim de panorama quase infinito, uma expansão sem limites e sem fim, de esferas de oportunidade em constante ampliação para o serviço regozijante, a aventura ímpar, a sublime incerteza e o alcance ilimitado. Quando as nuvens se acumulam no alto, vossa fé deve aceitar o fato da presença do Modelador interior, e assim deverias poder contemplar, além das névoas da incerteza mortal, o brilho claro do sol da retitude eterna nas acolhedoras alturas dos mundos de morada ... (108:6.8)

Sentirmo-nos confusos, atônitos e por vezes até desanimados e transtornados não significa necessariamente que resistamos à condução do Modelador interior. Às vezes estas atitudes podem indicar uma falta de cooperação ativa com o divino Monitor e pode, portanto, retardar um pouco o progresso espiritual, mas tais dificuldades emocionais e intelectuais não interferem nem no mínimo na indubitável sobrevivência da alma que conhece a Deus. Por si só, a ignorância jamais pode impedir a sobrevivência; nem as dúvidas confusionais ou a incerteza que infunde temor podem. Somente a resistência consciente à direção do Modelador pode impedir a sobrevivência da alma imortal em evolução. (110:3.5)

"Confiarei no Senhor com todo o meu coração; não me apoiarei em meu próprio juízo. Em todas as minhas veredas eu o reconhecerei e ele dirigirá meus caminhos." (131:2.8)

[Jesus] decidiu deixar a resolução final desta complicada situação ao remate da vontade do Pai. (137:5.3)

E quando Jesus ouviu estas palavras, baixou os olhos ao semblante ansioso do pai, dizendo: "Não questione o poder do amor de meu Pai mas somente a sinceridade e o alcance de tua fé. Todas as coisas são possíveis para quem realmente crê. "Então Tiago de Safad pronunciou essas palavras inolvidáveis, de dúvida mesclada à fé : "Senhor, eu creio. Rogo-te para que me ajudes em minha incredulidade." (158:5.2)

Jesus experimentou esses altos e baixos do sentimento que são comuns a toda experiência humana... (182:3.7)

A teologia pode estabelecer, formular, definir e dogmatizar a fé, mas na vida humana de Jesus a fé foi pessoal, viva, primordial, espontânea e puramente espiritual. Esta fé não foi a reverência pela tradição nem a mera crença intelectual que ele conservava como credo sagrado mas, antes, uma sublime vivência e uma profunda convicção que seguramente o sustentava. Sua fé foi tão real e tão abrangente que afastou qualquer dúvida espiritual e efetivamente destruiu todo desejo contraditório. Nada podia arrancá-lo da âncora espiritual desta fé ardente, sublime e intrépida. Mesmo perante a derrota aparente ou nas dores da decepção e do desespero ameaçador, ele serenamente postava-se na presença divina, livre de temores e plenamente consciente da invencibilidade espiritual. Jesus desfrutou a revigorante certeza de possuir uma fé inabalável e em cada uma das penosas situações da vida infalivelmente exibia uma inquestionável lealdade à vontade do Pai. E esta magnífica fé permaneceu intrépida mesmo ante a ameaça cruel e esmagadora de uma morte ignominiosa. (196:0.5)


      1. Quando nos sentimos sós ou isolados
      2. Quando nos sentimos em dúvida ou confusos
      3. Quando nos sentimos culpados
      4. Em caso de enfermidades ou privações
      5. Quando nos sentimos desanimados ou derrotados
      6. Quando nos sentimos impacientes ou paralisados
      7. Quando sentimos medo