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Quando as coisas vão mal

Quando nos sentimos impacientes ou paralisados

Por Harry McMullan, III
tradução em português por Ana Maria Nascimento Roberto


A pessoa impaciente sente raiva porque a árvore se recusa a dar frutos antes da devida estação. Sentir impaciência é assumir que Deus não está agindo rápido bastante — que nós, criaturas, compreendemos os eventos melhor que o Criador, em quem vivemos, no movemos e existimos.

Aqueles que fazem as coisas antes da hora falham em seus esforços porque as condições que levariam ao sucesso ainda não estavam preparadas. Contudo, agindo na fé cooperamos com o programa do Pai onisapiente e experimentamos a paz em abrir mão dos acontecimentos além de nosso controle. Não mais carregamos tantos fardos mundanos e, assim libertados, estamos livres para trabalhar arduamente nas tarefas que unicamente nos pertencem. Paramos de fazer planos pessoais para a vida dos outros já que fomos chamados para amar nossos irmãos e não para pressioná-los a agirem contrário à sua própria livre vontade.

A impaciência evidencia falta de submissão à vontade do Pai. A pessoa impaciente tem seu próprio plano, que lhe parece superior ao do Pai. O mais letal é que a impaciência o tenta a buscar os atalhos para fazer as coisas à sua maneira em vez da de Deus. Mas tais esforços apressados dão em nada pois as múltiplas circunstâncias necessárias ao seu sucesso ainda não se deram. O programa de nosso Pai é supremo e nada de valor autêntico acontece à parte dele. Deus proporciona o poder e o modelo que torna possível a realização duradoura.

Enquanto a impaciência consome muita ação, a paralisia — o medo de viver — não consome o bastante. A paralisia traz consigo o sentimento de se estar preso a uma maneira improdutiva de viver. Retardamo-nos em tal experiência monótona e de desperdício, sentindo o medo de que mesmo que tentássemos, falharíamos em nos desembaraçar e, se tal por acaso acontecesse, a vida fora da rotina seria provavelmente pior. A cura para a paralisia é a prece com a finalidade de conhecer a vontade de Deus, e então a AÇÃO corajosa, comprometida, confiante e fundamentada na fé na capacidade de Deus de manifestar sua vontade perfeita em nós, mediante nós e por nós.

A água se estagna quando não se move. Da mesma forma, a atrofia espiritual se instala quando deixamos de ousar agir de acordo com nossos mais elevados conceitos a respeito do plano de Deus para nossa vida. A paralisia e a impaciência são polos opostos de um problema comum : a falta de submissão ao plano do Pai. Há tempo de esperar e tempo de agir e aqueles que seguem o espírito de Deus são, no tempo próprio, guiados em todas as suas ações. A adoração e o serviço nos ligam ao coração de Deus, provêem a energia espiritual para a ação decidida e nos tornam cada vez mais eficientes nos campos de serviço aos quais fomos chamados.

A paralisia espiritual resulta de faltarmos com a busca da verdade espiritual e de não passarmos adiante o que recebemos dos outros. Os que servem não podem jamais chegar a se paralisar pois o Pai os conduz a caminhos sempre mais desafiantes e frutíferos, nos quais seu amor pode se revelar. Aqueles empanturrados dos bens deste mundo podem protelar a paralisia por um frenético cortejo de brinquedos constantemente substituídos mas, servindo a Deus, mesmo a labuta corriqueira é santa e sagrada.

A paralisia indica ausência de desafios o que, por sua vez, evidencia a falta de uma ligação espiritual viva com Deus, que continuamente nos leva aos mais elevados reinos de serviço. Logo, devemos nos submeter à vontade do Pai e fazer de seus planos os nossos, em cada pormenor, confiando em sua sabedoria e em sua amorosa bondade pois à parte dele não somos nada.

Devemos esperar e ascender enquanto esperamos pois verdadeiramente, "nem o olho viu, nem o ouvido ouviu, nem entrou no coração do homem mortal o que Deus preparou para aqueles que sobrevivem à vida na carne nos mundos do tempo e do espaço." (11:4.5)

O amor à aventura, a curiosidade e o horror à monotonia — traços estes inerentes à natureza evolutiva humana — não foram colocados lá apenas para te exasperar e te perturbar durante tua curta permanência na terra mas, antes, para te sugerir que a morte é apenas o começo de um infindável caminho de aventura, uma vida perpétua de expectativas, uma eterna viagem de descobertas.

A curiosidade — o espírito de investigação, o impulso ao descobrimento, o estímulo à pesquisa — é parte da dotação inata e divina das criaturas evolutivas do espaço. Estes impulsos naturais não vos foram dados para serem simplesmente frustrados ou reprimidos. Na verdade, durante sua curta vida na terra estes impulsos ambiciosos freqüentemente devem ser restringidos e, muitas vezes, o desapontamento é experimentado; porém, eles serão plenamente realizados e gloriosamente gratificados durante as longas eras que estão por vir. (14:5.10-11)

Existe um propósito grande e glorioso na marcha dos universos através do espaço. Todas as vossas lutas mortais não são em vão. Somos todos parte de um imenso plano, uma gigantesca empresa e é a vastidão desta empresa o que converte em impossível poder ver muito dela num determinado tempo, durante uma vida qualquer. Todos formamos parte de um projeto eterno que os Deuses estão supervisionando e efetuando. Majestosamente, a totalidade do mecanismo universal segue sua marcha através do espaço ao compasso da música do pensamento infinito e do eterno propósito da Primeira Grande Fonte e Centro.

 

O eterno propósito do Deus eterno é um ideal altamente espiritual. Os acontecimentos do tempo e as lutas da existência material não são senão o andaime transitório que faz uma ponte com o outro lado, com a terra prometida da realidade espiritual e da existência celestial....

No que diz respeito a uma vida individual, a duração de um mundo ou a cronologia de qualquer evento ou série de eventos interligados, pareceria que estamos lidando com um período isolado de tempo; tudo parece ter um começo e um fim. E pareceria que, quando sucessivamente arranjadas, uma série destas experiências, vidas, eras ou épocas constitui um percurso direto, um evento isolado do tempo lampejando momentaneamente através da face infinita da eternidade. Mas quando olhamos tudo isto por detrás do palco, uma visão mais abrangente e um entendimento mais completo sugerem que tal explicação é inadequada, desconexa e completamente imprópria para explicar corretamente, e por outro lado correlatar, os relatos do tempo com os propósitos implícitos e as reações básicas da eternidade.

Para mim parece mais adequado ... conceber a eternidade como um ciclo e o propósito eterno como um círculo sem fim, um ciclo de eternidade de alguma maneira sincronizado com os transitórios ciclos materiais do tempo. (32:5.1-4)

Na mente de Deus há um plano que envolve cada criatura de todos os seus vastos domínios e este plano consiste num eterno propósito de amplas oportunidades, de progresso ilimitado e vida sem fim. E os tesouros infinitos dessa caminhada incomparável são vossos apenas por lutar!

O objetivo da eternidade vos aguarda! A aventura do alcance da divindade encontra-se diante de vós! A caminhada pela perfeição prossegue! Quem quer que deseje pode participar e a vitória certeira coroará os esforços de cada ser humano que participa da caminhada de fé e esperança , a cada passo contando com a orientação do Modelador interior e com a direção desse bom espírito do Filho do Universo, que prodigamente tem se derramado por toda a carne. (32:5.7-8)

A consciência da dominação do espírito numa vida humana em breve acompanha-se de demonstrações cada vez maiores das características do Espírito nas reações da vida de tais mortais guiados pelo espírito, "porque os frutos do espírito são o amor, a alegria, a paz, a resignação, a doçura, a bondade, a fé, a humildade, a temperança". Estes mortais, guiados pelo espírito e divinamente iluminados, mesmo quando caminham pelas sendas humildes do trabalho penoso, cumprindo com lealdade humana as obrigações de seus deveres terrenos, já começaram a discernir as luzes da vida eterna que centelham nas orlas distantes de outro mundo; já começaram a compreender a realidade desta verdade inspiradora e reconfortante, "o reino de Deus não é comida nem bebida mas justiça, paz e alegria no Espírito Santo". Através de cada prova, frente a cada penúria, as almas nascidas do espírito são sustentadas pela esperança que transcende todos os temores, porque o amor de Deus se espalha por todos os corações através da presença do Espírito divino. (34:6.13)

Para o mortal que se fundiu com Modelador, o caminho do serviço universal está aberto de par em par. Que grandeza de destino e que glória de realização espera por cada um de vós! Apreciais plenamente o que foi feito para vós? Compreendeis a grandeza das alturas de eterno alcance que se estendem diante de vós? Mesmo vós, que agora caminhais penosamente nas modestas veredas da vida, através do assim chamado "vale de lágrimas"? (40:7.5)

O universo dos universos, incluindo este pequeno mundo chamado Urantia, não está sendo administrado meramente de acordo com nosso beneplácito nem com nossa conveniência, muito menos conforme nossos caprichos ou para a satisfação de nossa curiosidade. Os seres sábios e todo-poderosos que têm a responsabilidade da administração do universo indubitavelmente sabem bem o que têm de fazer; e assim, condiz aos Portadores da Vida e cabe à mente mortal abraçar a causa em paciente espera e entusiástica cooperação com as regras da sabedoria, o reino do poder e a marcha do progresso. (65:5.3)

Jamais, em tua ascensão ao Paraíso, ganharás algo tentando impacientemente iludir o desígnio divino estabelecido mediante atalhos, invenções pessoais ou outros artifícios para facilitar o avanço no caminho da perfeição, para a perfeição e com o intuito da perfeição eterna. (75:8.5)

Não importa quanto possais crescer em compreensão do Pai, vossa mente sempre ficará perplexa com a infinitude irrevelada do Pai-EU SOU, cuja vastidão inexplorada sempre permanecerá insondável e incompreensível por todos os ciclos da eternidade. Não importa quanto de Deus possais alcançar, haverá sempre muito mais dele, cuja existência nem mesmo se suspeita ... A busca por Deus não tem fim! (106:7.5)

Podeis perceber a verdadeira importância do Modelador interior? Chegais a perceber o que significa ter uma fração absoluta da Deidade absoluta e infinita, o Pai Universal, morando e fundindo-se com vossa natureza finita e mortal? Quando o homem mortal se funde com uma fração real da Causa existencial do cosmos total, já não se pode pôr limite algum ao destino de tal parceria, inimaginável e sem precedentes. (107:4.7)

A mente é vossa nave, o Modelador é vosso piloto, a vontade humana é o capitão. O dono da nave mortal deve ter a sabedoria de confiar no divino piloto para guiar a alma ascendente aos portos morontiais da eterna sobrevivência. A vontade humana só pode rejeitar a orientação de um piloto tão amoroso por egoísmo, indolência e pecado, terminando por naufragar sua caminhada mortal nos funestos baixios da misericórdia que recusou e nas rochas do pecado que abraçou. Com seu consentimento, este piloto fiel vos levará com segurança através das barreiras do tempo e dos obstáculos do espaço à fonte mesma da mente divina e, mais além, ao Pai dos Modeladores e do Paraíso. (111.1.9)

Quando o homem consagra sua vontade a fazer a vontade do Pai, quando o homem dá a Deus tudo o que tem, Deus faz com que esse homem seja mais do que é. (117:4.14)

A unidade de tempo da maturidade concentra o significado-valor no momento presente de uma maneira tal como para divorciar o presente de sua autêntica relação com o não presente, o passado-futuro. A unidade de tempo da maturidade está dimensionada para assim revelar a relação coordenada do passado-presente-futuro em que o eu começa a adquirir discernimento na totalidade dos acontecimentos, começa a visualizar a paisagem do tempo a partir de uma perspectiva panorâmica de horizontes ampliados, começa talvez a pressentir o contínuo eterno, sem começo nem fim, cujos fragmentos se chamam tempo. (118:1.8)

O carpinteiro de Nazaré agora compreendia plenamente o trabalho diante dele, mas escolheu viver sua vida humana seguindo seu curso natural... (128:1.6)

Certo dia, ao perguntar Ganid a Jesus por que não se dedicava a ensinar publicamente, respondeu-lhe : "Filho meu, tudo tem de aguardar sua hora. Nasces no mundo, mas não há ansiedade nem manifestação de impaciência capazes de te fazer crescer. Em todos estes assuntos, há que se dar tempo ao tempo. Somente o tempo amadurecerá a fruta verde na árvore. Uma estação sucede à outra e o pôr do sol segue ao nascer do sol apenas com o passar do tempo. Agora estou a caminho de Roma contigo e com teu pai e isso é o suficiente por hoje. Meu amanhã está totalmente nas mãos de meu Pai no céu." E então contou a Ganid a história de Moisés e de seus quarenta anos de espera vigilante e contínua preparação. (130:5.3)

Assim foi e assim é, sempre. O que uma imaginação humana esclarecida e reflexiva, que recebeu o ensinamento e a direção espirituais e que deseja sincera e altruisticamente ser e fazer torna-se de forma comensurável criativa segundo o grau de dedicação do mortal à execução divina da vontade do Pai. Quando o homem vai em parceria com Deus podem ocorrer, e ocorrem realmente, coisas grandiosas. (132:7.9)

Nessa mesma noite Jesus fez aos apóstolos o inolvidável discurso sobre o valor relativo de nossa condição perante Deus e do progresso na ascensão eterna ao Paraíso. Disse Jesus : "Filhinhos meus, se existe uma ligação viva e verdadeira entre o filho e o Pai, com certeza o filho progredirá continuamente em direção aos ideais do Pai. É verdade que, no princípio, o filho poderá progredir lentamente mas esse progresso será, todavia, seguro. O importante não é a rapidez de vosso progresso mas sim sua certeza. Vossa realização atual não é tão importante quanto o fato de que vosso progresso é em direção a Deus. O que chegais a ser dia após dia é infinitamente mais importante que o que sois hoje. (147:5.7)

Necessita-se tempo para que homens e mulheres modifiquem, de forma ampla e radical, seus conceitos básicos e fundamentais de conduta social, atitudes filosóficas e convicções religiosas. (152:6.1)

E o Mestre, dirigindo-se a todos eles, disse : "Não desanimeis por não conseguir alcançar o pleno significado do evangelho. Não sois senão finitos, homens mortais, e o que vos ensinei é infinito, divino e eterno. Sede pacientes e tende bom ânimo já que tendes os tempos eternos diante de vós, nos quais continuareis a realização progressiva da experiência de vos tornardes perfeitos, como vosso Pai no Paraíso é perfeito." (181:2.25)

Não tenteis satisfazer a curiosidade nem comprazer toda aventura latente que surge dentro da alma numa curta vida na carne. Sede pacientes! Que não vos seduza a entrega ao mergulho nas aventuras reles e sórdidas. Sujeitai vossas energias e refreai vossas paixões; tende serenidade enquanto aguardais o desdobrar majestoso de uma caminhada sem fim, de aventura progressiva e emocionante descoberta. (195:5.10)